A rua em frente à sede da TV Pública paraguaia é, desde sábado (23), o centro de mobilização contra o novo governo de Federico Franco em Assunção. Ao contrário do resto da capital paraguaia, onde os moradores retomam a rotina após a controversa deposição de Fernando Lugo, em frente à TV, barracas e colchões já indicam que os manifestantes não pretendem deixar o local tão cedo.
"Vamos ficar aqui até quando for necessário. Conquistamos esse espaço, a TV é do povo, é paga por nós e não permitiremos que se torne uma ferramenta política desta ditadura", disse a estudante Maria Ríos, 25, que faz parte da equipe da emissora.
Segundo os funcionários da TV pública, logo depois da deposição de Lugo, o novo governo já enviou funcionários à emissora para recolher informações sobre a programação, o que foi interpretado como um início de censura.
Horas depois, o diretor da TV pública, Marcelo Martinessi, deixou o posto. Assumiu em seu lugar o diretor interino Gustavo Canata.
A emissora continua sob o controle dos antigos funcionários, que transmitem durante todo o dia a movimentação e os discursos em frente à TV. A mobilização tem sido feita por meio das redes sociais.
"É importante que nos manifestemos. Porque senão, em 2013, vamos votar em um presidente que, se não os agradar, será também retirado do poder", disse a economista Laura Ferreira, 28, que está no local desde sábado.
Embaixada brasileira
Apesar de "indignados", os manifestantes não perderam o bom humor: nas duas barracas armadas na rua, podem-se ler as placas "Embaixada do Brasil" e "Embaixada da Argentina", em referência aos países que convocaram seus embaixadores no país -o Brasil, para consultas, e a Argentina, que retirou o diplomata de Assunção.
Os manifestantes também fizeram um boneco de "Judas" de Franco. Hoje é dia de São João no Paraguai, uma festa tradicional em que é costume fazer bonecos com imagens de políticos para malhar, como no Brasil, durante as sextas-feiras santas.
Os protestos começaram na noite de ontem no local, quando a equipe da TV deixou o "microfone aberto" para que manifestantes se revezassem em discursos transmitidos ao vivo pelo canal. Muitas pessoas passaram a noite em vigília.
De madrugada, o ex-presidente Fernando Lugo esteve no local e fez seu primeiro discurso público após o impeachment, em que alertou para o isolamento para o qual se encaminha o país.
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