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Twitter Files

Twitter teria censurado opiniões sobre a Covid-19 que divergiam da posição oficial dos EUA

(Foto: Pixabay)

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Foi divulgado nesta segunda-feira (26) uma nova edição do Twitter Files, como tem se chamado uma série de reportagens que mostram suposta atuação da empresa na censura de conteúdos, com base na orientação de agências governamentais americanas, antes da compra da companhia pelo bilionário Elon Musk em outubro.

O novo capítulo, assinado pelo escritor e jornalista David Zweig, alega que a empresa teria censurado e desacreditado publicações a respeito da Covid-19 por divergirem das políticas do governo americano durante a pandemia.

A reportagem foi produzida para o site The Free Press e teve seus principais tópicos compartilhados por Zweig no próprio Twitter.

Segundo o jornalista, ainda em 2020, no início da pandemia, a gestão Donald Trump organizou reuniões com empresas de tecnologia, como Google, Facebook, Microsoft e Twitter, para pedir “ajuda das empresas de tecnologia para combater a desinformação” que levaria a pânico da população americana, como “corridas a supermercados” para estocar mantimentos. “Mas... estavam [realmente] ocorrendo corridas a supermercados”, afirmou Zweig.

Depois, segundo Zweig, na gestão de Joe Biden (a partir de 2021), o governo passou a pressionar o Twitter a respeito do que chamava de “contas anti-vaxxer”, como a de Alex Berenson, jornalista crítico das medidas de lockdown e da segurança das vacinas, especialmente para crianças.

“Em meados de 2021, o presidente Biden disse que as empresas de mídia social estavam ‘matando pessoas’ por permitirem desinformação sobre vacinas. Berenson foi suspenso horas após os comentários de Biden e expulso da plataforma no mês seguinte”, informou Zweig.

“Berenson processou (e depois fez um acordo com) o Twitter. No processo legal, o Twitter foi obrigado a liberar certas comunicações internas, que mostravam pressão direta da Casa Branca sobre a empresa para tomar medidas contra Berenson”, acrescentou o Twitter Files.

De acordo com Zweig, a Casa Branca manteve a pressão nos meses seguintes para influenciar diretamente a plataforma a respeito de contas que divergiam das orientações oficiais sobre a Covid-19, embora “os executivos do Twitter não tenham cedido totalmente aos desejos da equipe de Biden”.

“Mas o Twitter suprimiu opiniões – muitas de médicos e especialistas científicos – que conflitavam com as posições oficiais da Casa Branca. Como resultado, descobertas e questões legítimas que teriam expandido o debate público desapareceram [da plataforma]”, continuou Zweig.

O jornalista apontou que grande parte da moderação do conteúdo no Twitter foi conduzida por robôs (bots), treinados em aprendizado de máquina e inteligência artificial, “muito rudimentares” para um trabalho que exigia sutilezas, e por modelos de árvores de decisão (algoritmo de composição semelhante a um fluxograma), terceirizados em países como as Filipinas, “mas encarregar não-especialistas de decidir sobre tweets a respeito de tópicos complexos, como miocardite ou dados de eficácia do uso de máscaras, era algo fadado a uma significativa taxa de erros”.

Segundo Zweig, essa ênfase nos bots e nas árvores de decisão levaram a “conteúdo divergente, mas legítimo, ser rotulado como desinformação”. Ele mencionou o caso de Martin Kulldorff, epidemiologista da Harvard Medical School, que alegou que pessoas idosas de grupos de risco e seus cuidadores precisavam ser vacinados, ao contrário de crianças e pessoas já infectadas.

As opiniões de Kulldorff foram consideradas “informação falsa” pelos moderadores do Twitter e tiveram ferramentas de interação (como curtidas e compartilhamentos) proibidas, a exemplo de publicações de outros especialistas.

Zweig também mencionou o caso de Andrew Bostom, médico de Rhode Island, permanentemente suspenso do Twitter após várias acusações de espalhar desinformação, uma delas por um tweet referindo-se aos resultados de um estudo revisado por pares sobre vacinas de mRNA.

“Uma revisão dos arquivos de log do Twitter revelou que uma auditoria interna, conduzida depois que o advogado de Bostom entrou em contato com o Twitter, descobriu que apenas uma das cinco [supostas] violações de Bostom era válida”, escreveu Zweig.

“O único tweet de Bostom que ainda constava como violação citava dados que eram legítimos, mas inconvenientes para a narrativa do establishment de saúde pública sobre os riscos da gripe e da Covid-19 em crianças”, citou, fazendo referência a um tweet do médico em que ele citou dados de Rhode Island que apontariam que a gripe seria mais letal para crianças do que a Covid-19 e que a vacina contra o novo coronavírus geraria maior morbidade nesse público do que a imunização contra gripe.

Segundo Elon Musk, mais informações sobre as ações do Twitter durante a pandemia serão divulgadas na semana que vem.

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