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Informação divulgada pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, dá conta de que 13 mil civis conseguiram deixar cidades diretamente afetadas pela investida militar da Rússia no território ucraniano neste sábado (12). Conforme os Serviços de Emergência do Estado da Ucrânia, mais de 1.500 veículos (entre carros, ônibus e vans) passaram pelos corredores humanitários durante o dia, entretanto a rota de Mariupol mais uma vez fracassou.
Linha do tempo: o que aconteceu na guerra da Ucrânia até agora?
De acordo com o governo ucraniano, a cidade portuária - considerada estratégica - teria sofrido novos ataques hoje, com o bombardeio de uma mesquita que servia de abrigo para 80 pessoas. A informação do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia foi confirmada pela rede Al Jazeera, entretanto a associação da mesquita do sultão Soliman negou o ataque posteriormente.
Neste 17º dia de guerra, as tropas russas fecharam mais o cerco contra a capital, Kiev, com bombardeios registrados desde a manhã. Segundo o governo ucraniano, forças russas alvejaram uma coluna de mulheres e crianças que tentavam fugir das hostilidades na região, matando sete pessoas, incluindo uma criança. O número de feridos é desconhecido. De acordo com o serviço de inteligência do Ministério da Defesa do país, o ataque ocorreu na sexta-feira (11), quando civis tentavam deixar a cidade de Peremoga em direção à aldeia de Ostroluche - trajeto inscrito dentro do acordo alcançado com as forças russas para um corredor humanitário.
Em paralelo, o Ministério da Defesa da Rússia acusa a Ucrânia de impedir a abertura de dez corredores propostos por Moscou.
"Enquanto as Forças Armadas da Federação Russa observam plenamente um cessar-fogo temporário [para a evacuação de civis], o lado ucraniano continua violando cinicamente os acordos alcançados sobre a abertura de corredores humanitários para a Rússia", disse o chefe do Centro de Controle de Defesa Nacional de Moscou, Mikhail Mizintsev.
Mizintsev disse ainda que a Rússia retirou de forma independente cerca de 10 mil pessoas das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk na sexta (11). O representante russo também acusou supostas forças "neonazistas" ucranianas de deter 450 civis que tentavam deixar a região de Sumy em direção à região russa de Kursk. "Civis foram simplesmente mandados de volta na direção oposta", disse Mizintsev.
Kiev estoca medicamentos e comida diante da ameaça de invasão russa
Sob forte bombardeio por parte da Rússia, a capital ucraniana Kiev estoca remédios, comida e outros itens de primeira necessidade como preparação para uma possível invasão, disse neste sábado (12) o prefeito da cidade, Vitali Klitschko. "Amigos! Caros Kievitas! A capital, perto de onde os combates continuam, está se preparando para a defesa. Continuamos a reforçar os postos de controle. Estamos criando reservas de produtos, medicamentos e bens de primeira necessidade", afirmou o prefeito e ex-campeão mundial de boxe peso pesado.
Além disso, "pelo terceiro dia", disse ele, "a cidade tem ajudado a região de Kiev a evacuar moradores de cidades vizinhas, como Hostomel, Bucha, Vorzel e Irpin", algumas das quais foram bombardeadas pelos russos.
Klitschko também apelou, como presidente da Associação das Cidades da Ucrânia, a organizações internacionais e associações de prefeitos de países democráticos "sobre as ações criminosas dos ocupantes russos". Ele lembrou que Ivan Fedorov, prefeito da cidade de Melitopol, ocupada pelos russos há poucos dias, foi "sequestrado e feito prisioneiro" pelas tropas russas. "Com a cidade ocupada, a comunidade ficou sem seu líder eleito! Eles querem paralisar o sustento de Melitopol e assim desmoralizar e subjugar os habitantes", afirmou.
Incertezas nas negociações
Zelensky disse hoje que percebe alguns sinais positivos nas negociações em curso. "Agora o lado russo começou a falar de coisas e não apenas dar ultimatos. Acho que essa é uma abordagem fundamentalmente diferente. E deveria ser assim", disse o presidente ucraniano. Para Volodymyr Zelensky, qualquer solução deve começar com um cessar-fogo. "Isso permitirá desbloquear processos humanitários, evacuar pessoas, bem como a entrega de alimentos e água", afirmou.
O sábado teve ainda conversas do presidente da França, Emmanuel Macron e do chanceler alemão Olaf Scholz com Vladimir Putin. Por telefone, os representantes europeus cobraram um cessar-fogo imediato ao presidente russo, mas não haveria disposição para "parar a guerra".
Baixas e refugiados
O número de pessoas que fugiram da Ucrânia como resultado da invasão russa se aproxima dos 2,6 milhões de acordo com números atualizados pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). O êxodo de refugiados ucranianos é o maior ocorrido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, superando inclusive as movimentações causadas por todas as guerras na ex-Iugoslávia durante a década de 1990 (quando 2,4 milhões migrar de acordo com estimativas de organizações humanitárias).
Além do êxodo para fora da Ucrânia, devem ser considerados os mais de 2 milhões de pessoas que não saíram do país, mas se deslocaram internamente por causa do conflito. Segundo avaliações iniciais de organizações humanitárias, a guerra afetou diretamente 12,6 milhões de pessoas, mais de um quarto da população total do país.
Em entrevista coletiva, o presidente Zelensky informou que 1,3 mil membros das forças armadas ucranianas morreram desde o início da ofensiva militar russa, em 24 de fevereiro. Do lado russo, as baixas chegariam a 12 mil. Não há informações atualizadas por parte do Ministério da Defesa; a única divulgação dava conta de 500 soldados mortos.
Em uma mensagem de vídeo transmitida em seu canal do Telegram e transmitida pela agência de notícias local "Interfax-Ucrânia", o presidente ucraniano afirmou que as perdas das tropas russas são "colossais". "A dinâmica das perdas dos invasores no 17º dia já é tal que podemos dizer com segurança: este é o maior golpe para o exército russo em décadas. Nunca tiveram tantas perdas em tão poucos dias", disse Zelensky. Segundo a Ucrânia, 31 grupos táticos de batalhões russos teriam perdido sua capacidade de combate. Mais de 360 tanques e um total de 1.205 veículos blindados, 60 aeronaves, 80 helicópteros, entre outras unidades e equipamentos teriam sido tomados. Os dados não puderam ser verificados por uma fonte independente.