Apagão em Kiev após ataque russo à infraestrutura de energia da Ucrânia, em novembro do ano passado| Foto: EFE/EPA/SERGEY DOLZHENKO
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Ainda que não represente um cessar-fogo total, o compromisso do ditador da Rússia, Vladimir Putin, de interromper os ataques às instalações de energia e infraestrutura da Ucrânia durante 30 dias, assumido num telefonema nesta terça-feira (18) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já traz um grande alívio para os ucranianos.

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Na invasão iniciada em fevereiro de 2022, a Rússia visou de forma cruel a infraestrutura ucraniana, especialmente a de energia, com o objetivo de abalar o moral do país invadido e forçar uma rendição.

Uma reportagem publicada na semana passada pelo jornal Kyiv Post apontou que a Ucrânia perdeu mais da metade da sua capacidade de geração de energia – cerca de 9 gigawatts (GW) – com os ataques russos que danificaram ou destruíram estruturas dessa área nos últimos três anos.

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Dados da Escola de Economia de Kiev (KSE, na sigla em inglês) mostraram que os danos diretos ao setor de energia da Ucrânia somaram perdas de US$ 14,6 bilhões e os indiretos (receitas perdidas, preços de energia mais altos e interrupções de operações) atingiram US$ 43,1 bilhões.

Em artigo publicado em fevereiro no site americano War on the Rocks, especializado em notícias sobre segurança nacional, a pesquisadora Theresa Sabonis-Helf, da Universidade de Georgetown, destacou que os ataques à infraestrutura de energia deixaram 70% da rede elétrica da Ucrânia dependente de apenas três complexos de reatores nucleares, o que gera grandes preocupações.

“Esses reatores estão cada vez mais ameaçados pela instabilidade da própria rede e podem se tornar inseguros para operar, forçando um desligamento e colapso da rede”, alertou Sabonis-Helf.

Um estudo encomendado pelo governo da Ucrânia, pelo Banco Mundial, pela Comissão Europeia e pela ONU, divulgado no final de fevereiro, apontou o impacto de outros danos à infraestrutura ucraniana causados pela agressão russa.

Mais de 2,5 milhões de domicílios foram danificados ou destruídos desde o início da guerra e reparos emergenciais tiveram que ser realizados em mais de 2 mil km de rodovias ucranianas somente no ano passado.

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Segundo o relatório, as regiões da linha de frente ou próximas (Donetsk, Kharkiv, Lugansk, Zaporizhzhia, Kherson e Kiev) sofreram 72% dos danos registrados em todo o país.

O documento apontou que será necessário investir US$ 524 bilhões em dez anos para reconstruir e recuperar a infraestrutura da Ucrânia – para se ter uma ideia, o PIB do país em 2024 foi de US$ 184 bilhões, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O cessar-fogo parcial traz alívio, mas a reconstrução será muito difícil – e obviamente mais complicada se as conversas para uma paz permanente naufragarem e a Ucrânia sofrer mais destruição no futuro próximo.