Uma reunião entre governo e oposição da Ucrânia em Kiev, hoje (13), deu um passo importante para acabar com a crise instalada no país nos últimos dias.
Na presença dos adversários, o presidente Viktor Yanukovich anunciou a anistia a manifestantes presos pelas autoridades locais e disse que vai rediscutir o acordo comercial com a União Europeia, que tem sido o pivô dos protestos contra ele.
Foi o primeiro encontro entre os dois lados desde que milhares de pessoas tomaram as ruas de Kiev pedindo a renúncia de Yanukovich. A reunião, porém, ainda não significa um armistício - novo protesto está marcado para o próximo domingo, por exemplo.
Aparecem nas imagens com o presidente líderes da oposição como o campeão mundial de boxe, Vitali Klitschko (o "Punho Ferro"), o ex-ministro da Economia Arseny Yatsenyuk, e o nacionalista de extrema direita Oleh Tyahnybok.
O encontro mostra que os dois lados cederam: o presidente ucraniano, ao concordar com a liberação de presos e admitir o acordo com a UE, e a oposição, que adotara o discurso de que só sentaria na mesa de negociação após a renúncia de Yanukovich.
À mesa, o presidente disse aos adversários que o acordo com o bloco europeu precisa ser discutido novamente porque prejudica alguns interesses comerciais do país.
"Era necessário dar uma pausa na assinatura. Nós devemos discutir esse assunto com a UE e a Rússia, encontrar uma solução em comum para proteger nossos produtos. Se nós os protegemos, protegemos nossa economia. Nós não recusamos a integração europeia", disse, segundo comunicado divulgado pelo governo.
Em relação aos manifestantes, ele afirmou que é preciso "virar a página" e "anunciar a anistia deles": "Devemos libertar os presos e colocar fim a esse conflito". Pelo menos nove pessoas já teriam sido libertadas hoje, segundo relatos vindos de Kiev.
Pressionado pelos russos, o presidente Yanukovich havia se recusado a celebrar o acerto que aproxima o país da UE. Por causa disso, milhares de pessoas têm ido às ruas pedir sua renúncia -foram 500 mil no domingo. A oposição crê que a aproximação da UE poderá tirar o país da crise econômica.
Acusado de reprimir com violência os manifestantes, Yanukovich tem buscado uma solução que mantenha o acordo com o bloco, mas não o afaste da Rússia, de quem depende economicamente devido ao fornecimento de gás - a dívida com os russos é de cerca de US$ 60 bilhões (R$ 140 bilhões).
O presidente russo, Vladimir Putin, nega que esteja pressionando o colega ucraniano. Por outro lado, lideranças da União Europeia cobram da Ucrânia o compromisso do acordo comercial.