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O prefeito da capital ucraniana, Vitali Klitschko, negou a presença de tropas russas regulares na cidade, neste sábado, após uma noite de combates pesados e tentativas do exército da Rússia de tomar o controle de Kiev.
Em discurso à nação, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que havia previsto uma noite difícil para Kiev, disse que as Forças Armadas do país "descarrilaram" o ataque planejado da Rússia à capital ucraniana. "Posso começar com boas notícias: temos resistido e estamos repelindo com sucesso os ataques inimigos. A luta continua em muitas cidades e regiões de nosso país. Kiev e as principais cidades ao redor da capital são controladas pelo nosso Exército", declarou.
De acordo com o primeiro relatório militar deste sábado, divulgado pelo assessor da presidência da Ucrânia, Mykhailo Podoliak, as baixas russas nos confrontos no país chegaram a 3.500, com 200 militares capturados.
Ao menos 35 pessoas ficaram feridas em Kiev nas primeiras horas da noite passada, incluindo duas crianças. O prefeito da capital também confirmou que um míssil russo atingiu um prédio residencial na zona oeste da cidade.
"O Exército, a Polícia e a Guarda Nacional, as Unidades de Defesa Territorial e o corpo de voluntários estão defendendo a cidade", garantiu. Ele ressaltou que estão sendo montadas barricadas em várias ruas da cidade, o que poderia dificultar o deslocamento de blindados russos.
Segundo Klitschko, os principais serviços da capital estão funcionando normalmente e o transporte público, incluindo o metrô, que também serve como abrigo contra bombas, tem levado trabalhadores essenciais até seus empregos. "Haverá dias e noites mais difíceis, mas sobreviveremos", reforçou.
Balanço
A Ucrânia contabiliza ao menos 198 mortes no país, devido a ataques das forças da Rússia desde a última quinta-feira. Entre as vítimas fatais, há três crianças. No total, há 1.115 feridos, 33 dos quais são menores, disse o ministro da Saúde ucraniano, Viktor Liashko, no Facebook, neste sábado.
Este é o segundo balanço de mortos divulgado pelo governo do país, desde o início da guerra empreendida pela Rússia. Liashko descreveu as tropas russas como terroristas, afirmando terem "atirado deliberadamente em ambulâncias".
Segundo ele, "o sistema médico ainda está funcionando, e o Ministério está fazendo todo o possível e impossível para conseguir tudo o que é necessário para os hospitais". O ministro recordou que, apesar da guerra, a pandemia continua, o que demanda terapia intensiva para pacientes com necessidades como oxigênio, por exemplo.
Investida russa
As Forças Armadas da Rússia anunciaram ter destruído mais de 800 alvos militares ucranianos com mísseis de cruzeiro nas primeiras horas da manhã deste sábado.
Autoridades locais informaram que algumas explosões escutadas em Kiev nesta sexta-feira se devem a tentativas da Rússia de atacar uma estação de energia, enquanto em Vasilkov, a 37 quilômetros da capital, há uma dura batalha, de acordo com as Forças Armadas ucranianas.
As sirenes antiaéreas soaram na cidade para pedir aos cidadãos que entrassem nos abrigos. A estação de energia CHP-6 é a mais potente central que fornece calor e eletricidade na Ucrânia.
O comando das Forças Armadas ucranianas informou pelo Facebook que "estão ocorrendo intensos combates na cidade de Vasilkov, na região de Kiev, onde os ocupantes estão tentando aterrissar um grupo de desembarque".