O governo da Ucrânia manifestou sua indignação neste domingo (10) com as declarações do papa Francisco, que sugeriu em uma entrevista que ainda será divulgada que o país deveria ter “a coragem de levantar a bandeira branca” e negociar o fim da guerra com a Rússia, em curso desde 2022, após a invasão do exército de Vladimir Putin.
Em uma entrevista gravada no mês passado à Rádio Televisão Suíça (RSI), que só será veiculada dia 20 de março, mas que começou a ser divulgada pela imprensa local, o pontífice afirmou que “os mais fortes são aqueles que veem a situação, pensam nas pessoas e têm coragem de negociar” e que a Ucrânia não deveria ter “vergonha de negociar antes que as coisas piorem”.
A reação da Ucrânia à fala de Francisco ocorreu por meio de seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba. Em uma publicação em sua conta na rede social X (antigo Twitter), ele disse que o país "nunca se renderá" e que o papa não deveria colocar Kiev e Moscou “em pé de igualdade” e chamar isso de “negociações”.
“O mais forte é aquele que, na batalha entre o bem e o mal, fica do lado do bem em vez de tentar colocá-los em pé de igualdade e chamar isso de ‘negociações’”, escreveu Kuleba.
“No que diz respeito à bandeira branca, conhecemos esta estratégia do Vaticano desde a primeira metade do século XX. Exorto-vos a evitar a repetição dos erros do passado e a apoiar a Ucrânia e o seu povo na sua justa luta pelas suas vidas. A nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e prevalecemos. Nunca hastearemos quaisquer outras bandeiras”, acrescentou o chanceler ucraniano.
Apesar da dura crítica, Kuleba ainda disse que espera que o papa visite a Ucrânia para apoiar os "mais de um milhão de católicos e cinco milhões de greco-católicos que vivem no país", que enfrenta uma guerra devastadora há dois anos.
"Agradecemos a Sua Santidade o papa Francisco por suas constantes orações pela paz, e continuamos a esperar que, após dois anos de guerra devastadora no coração da Europa, o pontífice encontre uma oportunidade para realizar uma visita apostólica à Ucrânia para apoiar mais de um milhão de católicos ucranianos, mais de cinco milhões de gregos-católicos, todos os cristãos e todos os ucranianos", concluiu Kuleba.
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