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LESTE EUROPEU

Ucrânia declara lei marcial após captura de navios pela Rússia

Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, discursa na tribuna do Parlamento durante sessão de emergência em Kiev, 26 de novembro, antes da sessão que aprovou lei marcial no país | GENYA SAVILOV / AFP
Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, discursa na tribuna do Parlamento durante sessão de emergência em Kiev, 26 de novembro, antes da sessão que aprovou lei marcial no país (Foto: GENYA SAVILOV / AFP)

Parlamentares ucranianos aprovaram a declaração de lei marcial no país nesta segunda-feira (26), um dia depois de um incidente sem precedentes que levou à captura de três navios ucranianos por parte das forças navais russas.

O pedido de lei marcial foi feito por meio de um decreto pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenko. Em um pronunciamento na TV, ele disse que a medida começa na quarta-feira (28) e durará 30 dias, e não 60, como havia afirmado seu conselho de segurança inicialmente. 

Segundo ele, a mudança não inclui restrições a direitos dos cidadãos nem adiar eleições previstas para o próximo ano. 

No domingo (25), a patrulha de fronteira da Rússia capturou dois navios pequenos de guerra e um rebocador ucranianos, que vinham do mar Negro e tentavam entrar no mar de Azov pelo estreito de Kerch -território compartilhado entre os dois países. 

Moscou, que acusa as embarcações de terem entrado ilegalmente nas águas territoriais russas da Crimeia anexada, abriu fogo contra os navios e feriu alguns tripulantes. Kiev, por sua vez, diz que as embarcações avisaram que passariam pelo local e acusa a Rússia de agressão militar. 

Mais cedo, nesta segunda-feira, os Estados Unidos e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) condenaram o que chamaram de violação da soberania ucraniana e pediram que a Rússia liberte as embarcações e suas tripulações. 

A passagem pelo estreito de Kerch, que separa a Crimeia da Rússia continental, foi fechada no domingo. Na segunda-feira, havia sido liberada, mas Moscou tem ignorado os pedidos de países ocidentais para libertar os três navios e sua tripulação. 

Segundo a agência de notícias Interfax, 24 marinheiros ucranianos estão detidos e três deles se feriram, mas não estão em condição crítica. 

Com as relações ainda difíceis após a anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014, a crise entre os dois países pode levar a um conflito mais amplo, e há sinais de que países ocidentais podem aplicar mais sanções contra Moscou. 

Em um telefonema a Poroshenko, a chanceler alemã, Angela Merkel, demonstrou preocupação em relação a um confronto armado entre os dois países disse que “fará de tudo” para desescalar a tensão entre os dois lados. 

A primeira-ministra britânica, Theresa May, condenou o “ato de agressão” de Moscou e afirmou que o incidente é “mais uma evidência do comportamento desestabilizador da Rússia na região”. 

"A posição do Reino Unido é clara, navios devem ter passagem livre até os portos da Ucrânia no mar de Azov”, disse May, pedindo enfaticamente que os dois lados ajam com cautela. 

A Rússia se defendeu nesta segunda-feira por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que disse que os guardas de fronteira que capturaram os navios agiram "em estrita conformidade com a lei internacional". 

Ele declarou a jornalistas que ocorreu uma "invasão de navios de guerra estrangeiros nas águas territoriais da Federação Russa". "E esses navios de guerra estrangeiros entraram nas águas da Rússia sem responder a qualquer alerta de nossos guardas de fronteira", continuou o porta-voz do Kremlin. 

Segundo Peskov, Vladimir Putin foi informado no domingo do incidente e do "movimento desses navios". 

Para um jornalista ucraniano que perguntou se foi o presidente russo quem ordenou o ataque, o porta-voz respondeu que "não chamaria isso de ataque, mas sim uma ação necessária para a preservação das fronteiras da Rússia". 

"Uma investigação criminal foi aberta pela violação da fronteira russa", continuou ele, sem falar dos marinheiros ucranianos capturados.

A passagem pelo estreito de Kerch, que separa a Crimeia da Rússia continental, foi fechada no domingo e liberada na segunda. 

Com as relações ainda difíceis após a anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014, a crise entre os dois países pode levar a um conflito mais amplo. 

As tensões no estreito de Kerch aumentaram nas últimas semanas. Após a Ucrânia deter um navio de pesca que tinha saído da Crimeia em março, a Rússia aumentou sua presença militar na área e começou a inspecionar todas as embarcações com origem ou destino em portos ucranianos, causando atrasos de dias e atrapalhando o comércio. 

A Ucrânia protestou, chamando essas inspeções de “bloqueio econômico”. No início deste mês, a União Europeia já havia manifestado preocupação com o tema.

O que acontece com a lei marcial?

Na Ucrânia, a lei marcial garante às autoridades e aos militares os poderes necessários para garantir a segurança nacional. Isso poderia permitir que Poroshenko aja de forma mais independente do que o habitual, podendo restringir manifestações públicas, regular a mídia, suspender as eleições e obrigar os cidadãos a realizar tarefas "socialmente necessárias", como trabalhar em instalações de defesa, segundo o Kyiv Post. Entretanto não ficou claro se alguma dessas medidas serão impostas caso o decreto seja aprovado pelo parlamento. 

De acordo com o Kyiv Post, o decreto presidencial estabelece 11 medidas prevendo a mobilização das forças de reserva, a organização da defesa aérea de instalações estatais importantes e a adoção de medidas urgentes para aumentar as medidas de segurança cibernética e garantir a ordem pública.

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