Ouça este conteúdo
As autoridades pró-Moscou dos territórios da Ucrânia onde começaram nesta sexta-feira (23) os referendos sobre a adesão à Rússia estão coagindo cidadãos a votar a favor, segundo fontes ucranianas.
“Um pseudorreferendo rápido em apartamentos e pátios sob o olhar atento de um soldado armado”, escreveu Serhiy Haidai, governador da região de Lugansk, no Twitter.
Em vez de ir às seções eleitorais, os cidadãos em algumas áreas estão votando de casa, “por razões de segurança”, de acordo com as autoridades pró-Moscou.
Haidai disse ter recebido relatos de pessoas que vivem nos territórios ocupados de que os comitês eleitorais itinerantes eram acompanhados por indivíduos armados.
“Se elas não abrem a porta da casa, ameaçam arrombá-la”, disse ele, acrescentando que quando uma pessoa marca “não” (à adesão à Rússia) na cédula, os membros do comitê registram esta informação em seu “caderno”.
Além disso, segundo Haidai, as pessoas são informadas de que podem votar mesmo sem apresentar documentos de identidade, pois o comitê lhes diz que “já sabe quem são”.
Um assessor do prefeito de Mariupol afirmou que algumas seções eleitorais na cidade costeira foram instaladas “em lojas e cafés” e que não existem condições para uma votação secreta, dada a falta de cabines.
“Você marca a cédula sob a supervisão próxima de pessoas com armas automáticas. Essa é a democracia russa”, escreveu o conselheiro Petro Andriushchenko em sua conta no Telegram.
O prefeito de Melitopol, na região de Zaporizhzhia, disse que um grupo de moradores da península da Crimeia foi transportado para lá de ônibus para gravar vídeos de propaganda sobre o suposto apoio da população à adesão.
“Podemos confirmar que esse referendo não passa de uma farsa, porque não há gente suficiente nos territórios ocupados temporariamente, não há apoio suficiente”, declarou o prefeito Ivan Fedorov.
O resultado da anexação à Rússia será que homens em idade militar serão afetados pela mobilização parcial decretada na quarta-feira pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para a guerra na Ucrânia, segundo Fedorov, que também fez um apelo para que todos os homens deixem os territórios ocupados o mais rápido possível.
As consultas populares foram anunciadas em 20 de setembro pelos governos das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk e pelas autoridades instaladas por Moscou nos territórios ocupados de Kherson e Zaporizhzhia.
As votações, que começaram nesta sexta-feira, continuarão até a próxima terça-feira (27).