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Clínica médica bombardeada em Dnipro, na região central da Ucrânia.
Clínica médica bombardeada em Dnipro, na região central da Ucrânia.| Foto: EFE

A Ucrânia estaria muito perto de lançar uma contraofensiva às forças de Vladmir Putin, apontam fontes do governo de Volodymyr Zelensky. O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, disse em entrevista à BBC que o ataque para retomar territórios das forças de ocupação russa pode começar “amanhã, depois de amanhã ou em uma semana”. Já o principal comandante militar da Ucrânia, General Valeriy Zaluzhnyi, afirmou, em seu perfil no Telegram, que “é hora de retomar o que é nosso”.

As declarações foram dadas neste sábado (27), após uma movimentação importante no front de guerra, a retirada do grupo paramilitar de mercenários russos Wagner da cidade ucraniana de Bakhmut, na quinta-feira. A contraofensiva ucraniana vem sendo preparada há meses, e na opinião de Danilov o país “não tem o direito de errar” na tomada desta decisão, que pode ser “uma oportunidade histórica que não pode ser desperdiçada”.

Sem folga no front

A destruição de centros de controle e equipamentos militares russos tem sido uma constante desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, garantiu Danilov, que afirmou à BBC que as forças de Kyiv “não tiveram um só dia de folga desde então”. Mesmo tendo perdido um grande número de vidas nas batalhas em Bakhmut, durante meses seguidos, a operação foi defendida pelo secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia”.

“Bakhmut é nossa terra, faz parte do nosso território, e temos que defender essa cidade. Se começarmos a abandonar os fronts, isso vai reduzir cada vez mais o nosso território, que é o que Putin busca desde o primeiro dia dessa guerra”, afirmou. “Nós só estamos controlando uma pequena parte da cidade, é verdade. Mas não podemos nos esquecer da importância de Bakhmut no contexto deste conflito”, completou Danilov. A Rússia, por sua vez, informa ter o controle total sobre a cidade.

"É hora de retomar o que é nosso"

A declaração dada por Zaluzhnyi em suas redes sociais foi acompanhada por um vídeo das tropas ucranianas em aparente preparação para a contraofensiva que deve retomar territórios conquistados pela Rússia na Ucrânia. Mas, assim como Danilov, o general não antecipou nenhuma informação sobre o começo da contraofensiva. Esse tom vago nas declarações se justifica, uma vez que a intenção de Kyiv é manter o feito surpresa a seu favor.

Os oficiais garantem que não haverá um “evento único” para marcar o início da contraofensiva, e que a resposta de Zelensky às investidas russas deverá ser realizada na forma de ataques e manobras de inteligência militar. A única certeza entre as forças militares da Ucrânia é que a contraofensiva deve durar meses.

Ucrânia reforça arsenal para contraofensiva, Moscou derruba internet

Analistas internacionais não identificaram grandes movimentações de tropas ucranianas no território do país, algo que poderia sugerir um ataque iminente ao exército russo. Mas o governo de Zelensky vem se fortalecendo ao longo dos meses, acumulando um poderoso arsenal de armas fornecidas pelo Ocidente e treinando dezenas de milhares de soldados em manobras ofensivas. Em uma das mais recentes dessas ações, pilotos da Força Aérea da Ucrânia receberam treinamento para pilotarem caças F-16 fornecidos ao país pelos EUA.

Há indícios de que a Ucrânia já teria dado início à operação de retomada de território, o que é negado por ambos os oficiais de Kyiv. Nas últimas semanas houve uma série de ataques coordenados em setores localizados atrás das linhas inimigas, o que atingiu diretamente as operações logísticas russas e atrapalhou de forma direta a movimentação das tropas de Putin.

Em resposta, o governo de Moscou pode ter atuado de forma a interromper o sinal de internet e telecomunicações em partes da Ucrânia ocupadas por forças russas, como a região da Crimeia e em partes da região de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia - incluindo na cidade de Enerhodar, onde as forças russas estão ocupando a maior usina nuclear da Europa.

O serviço de internet também caiu em Berdiansk e Melitopol, duas cidades estrategicamente importantes que a Rússia transformou em redutos militares, de acordo com a Netblocks, organização privada que rastreia interrupções de internet pelo mundo. “O motivo dessa queda da internet são interrupções no trabalho do provedor de internet russo Miranda Media, que opera na Crimeia”, informou a organização.

A interrupção ocorreu após uma série de acusações mútuas entre Rússia e Ucrânia sobre uma possível ofensiva nos arredores da usina nuclear de Zaporizhzhia, que não fica longe da linha de frente. Neste sábado, logo após a inteligência militar ucraniana alertar que a Rússia estava se preparando para “simular um acidente” na usina, autoridades do país invadido disseram que a noite havia transcorrido sem incidentes.

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