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Intolerância

Ucrânia faz novo enterro de 2.000 vítimas do governo de Stalin

A Ucrânia sepultou novamente no sábado cerca de 2.000 pessoas mortas pela polícia secreta soviética antes da 2a Guerra Mundial e enterradas em valas coletivas perto da capital.

Os 1.998 corpos, 474 dos quais de poloneses, foram desenterrados este ano em Bykovnya, uma área recoberta de floresta nas cercanias de Kiev, onde autoridades ucranianas acreditam que cerca de 30 mil pessoas podem ter sido enterradas nos anos 1930 e início da década de 1940.

As valas coletivas continham os corpos de pessoas torturadas e fuziladas pela temida NKVD, precursora da KGB, durante o governo de Stalin, no período que antecedeu a guerra entre a União Soviética e a Alemanha nazista.

De acordo com outras estimativas, até 100 mil pessoas teriam sido mortas.

"Eu tinha 8 anos de idade. Éramos apenas três: meu pai, minha mãe e eu. E levaram meu pai", falou Maria Marzhetska, cujo pai foi levado pela NKVD em 1937.

"Todas as manhãs e todas as noites íamos à delegacia de polícia", ela contou. Marzhetska só descobriu o que aconteceu com seu pai 60 anos mais tarde.

Numa cerimônia sombria realizada com a presença de cerca de 100 pessoas, féretros vermelhos simples, alguns envoltos em bandeiras, foram colocados em covas, um a um, e abençoados por um sacerdote. Parentes e autoridades fizeram orações ao lado dos túmulos.

Sob o governo comunista, a existência de valas comuns repletas dos corpos de vítimas de Stalin era negada. Foi apenas nos anos 1990 que o fato foi reconhecido e que foi erguido um memorial às vítimas.

Historiadores e autoridades poloneses acreditam que vários milhares de soldados e oficiais poloneses capturados quando a União Soviética invadiu o território polonês para combater os nazistas foram enterrados no local, incluindo estimados 15 mil massacrados perto da floresta de Katyn.

"Este é um local muito importante para os poloneses, porque está ligado a Katyn", disse Andrzej Przewoznik, secretário geral do Conselho polonês de Proteção a Monumentos à Luta e ao Martírio.

"Este é um lugar onde gostaríamos que ficasse cravada a cruz (católica) polonesa e que permanecessem as memórias polonesas dessas pessoas que descansam na floresta de Bykovnya."

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