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Europa

Ucrânia lembra vítimas da fome em Chernihiv

Curitiba – As comunidades ucranianas em todo o mundo lembram hoje as vítimas do Holodomor (em ucraniano: "matar pela fome"). O episódio, ocorrido entre 1932 e 1933, em Chernihiv, causou a morte de milhares de ucranianos em decorrência da fome provocada pelo confisco de suas colheitas pelo então governo soviético. Em Curitiba, as igrejas ucranianas vão realizar missas hoje.

O governo ucraniano, sob o comando do presidente Viktor Yuschenko, quer aprovar um projeto de lei que defina como genocídio a morte de milhões de ucranianos pela fome induzida pelo regime soviético.

Na própria Ucrânia, porém, há movimentos de esquerda que consideram a situação delicada e preferem que essa lei não seja aprovada por receio de que as relações comerciais com seu país vizinho, a Rússia, sejam afetadas. Da metade da década de 80 em diante, vários países como a Itália, Reino Unido, os EUA, além de blocos econômicos como a Comunidade Européia, começam a classificar o ocorrido durante o Holodomor como crime contra a humanidade.

O Brasil ainda não reconheceu o episódio como genocídio. O cônsul da Ucrânia de Curitiba, Oleksandr Markov, comenta que a questão será levada até Brasília.

Histórico

Em 1932, a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (ex-URSS), composta pela Rússia e outros países anexados, entre eles a Ucrânia, colheu uma safra muito menor do que esperado. Como um dos principais produtos de exportação da URSS eram os cereais, o secretário geral do partido comunista, Joseph Stalin, comandou o confisco de grande parte de toda a safra de cereais da ucraniana e de outros países. Isso serviria não somente para equilibrar o estoque para exportação, mas teria também a função de reprimir movimentos que se opunham a anexação da Ucrânia pela URSS.

O resultado disso foram manifestações de camponeses, o êxodo rural, ações de repressão por parte do governo e busca por cereais estocados em locais escondidos nas propriedades rurais. O que sobrava dos confiscos era distribuido à aristocracia ucraniana enquanto camponeses e pessoas de classes menos favorecidas morriam nas ruas e nos campos.

O número de vítimas não pode ser calculado com precisão por diferentes razões: o sumiço de documentos daquela época e a restrição da liberdade de informação, quando foi emitida uma resolução que cerceava a liberdade de correspondentes internacionais naquele país, limitando a possibilidade do acontecimento ganhar notoriedade internacional. As mais recentes estimativas com base em fontes dos arquivos soviéticos são do historiador Stanislav Kulchytsky, que calcula um número de mortos entre 3 milhões e 3,5 milhões.

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