As Forças Armadas ucranianas admitiram nesta segunda-feira (3) que tropas russas cercaram ou tomaram "praticamente todas" as instalações militares da Crimeia. Embora Moscou afirme que a medida tem como objetivo proteger os russos étnicos da região, não há relatos de qualquer hostilidade em relação aos falantes da língua russa na península desde o início da crise.
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia também emitiu um comunicado dizendo que Moscou acredita que a Ucrânia deve honrar o acordo de 21 de fevereiro, assinado pelo então presidente Viktor Yanukovich, para a formação de um novo governo de união nacional e o encerramento da crise. Yanukovich fugiu do país após assinar o acordo com a oposição. O enviado russo, que participou nas negociações, não assinou o acordo, embora após a fuga do ex-presidente Moscou tenha insistido em sua implementação.
Em Kiev, o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk admitiu que seu país "não tem opções militares sobre a mesa" para reverter a presença militar russa na região da Crimeia.
Embora Yatsenyuk tenha pedido ajuda externa e afirme que a Crimeia ainda faz parte da Ucrânia, ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) realizaram uma reunião de emergência sobre o caso e disseram que uma resposta à Rússia pode incluir sanções econômicas, mas não ações militares.
Os acontecimentos na Ucrânia se desenrolaram com bastante rapidez nesta segunda (3). Além de tomar quartéis e postos de fronteira, as forças russas também controlam um terminal de balsas na cidade ucraniana de Kerch, que fica a 20 quilômetros, cruzando o mar, do território russo. Isso intensificou os temores de que Moscou poderá enviar ainda mais militares para a península da Crimeia por esta via.
O porta-voz dos guardas de fronteira, Sergei Astakhov, disse que os russos estão exigindo que os ucranianos transfiram sua fidelidade ao novo governo da Crimeia, que é pró-Rússia. "Os russos estão agindo muito agressivamente, eles chegam derrubando portas e janelas e cortando as comunicações", disse ele.
Astakhov disse que quatro navios militares russos, 13 helicópteros e 8 aviões de transporte haviam chegado a Crimeia, violando o acordo que permitia apenas que a Rússia mantivesse a base naval no porto de Sebastopol. Agora, teme-se que a Rússia possa expandir seu controle para outras partes da Ucrânia, especialmente para o leste, onde há vários russos.
Para enfrentar a ameaça russa, o novo governo ucraniano tomou medidas para consolidar sua autoridade no país, nomeando novos governadores regionais no leste, conquistando o apoio de empresários importantes e demitindo o chefe da Marinha, depois de ele declarar lealdade ao governo da Crimeia.
Rendição
O governo da Ucrânia informou nesta segunda (3) que forças russas que controlam a região estratégica da Crimeia exigem que as tripulações de dois navios de guerra ucranianos se rendam.
O porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, Maksim Prauta, disse que quatro navios russos estavam bloqueando o navio antisubmarino Ternopil e o navio de comando Slavutych, no porto de Sebastopol.
Ele disse que os russos ordenaram a rendição da tripulação no período de uma hora ou as embarcações seriam invadidas e confiscadas.