Pacto
Se a Otan ampliasse seu pacto de defesa mútua à Ucrânia, seria a maior mudança na arquitetura da segurança da Europa desde os anos 1990. Após a Guerra Fria, a Otan desafiou as objeções da Rússia e concedeu garantias de segurança a ex-satélites comunistas como a Polônia, mas se deteve na fronteira da ex-União Soviética, admitindo só os três Estados bálticos: Letônia, Lituânia e Estônia.
Opinião
Freio para interromper Vladimir Putin não será moral, mas econômico
Eduardo Saldanha, professor de Direito Internacional na FAE
"O tamanho da mentira é um fator decisivo para que ela seja acreditada, pois as grandes massas de uma nação são mais facilmente ludibriadas nas profundezas dos seus corações (...). A simplicidade primitiva de suas mentes transformam-nas em uma presa mais fácil para uma grande mentira do que para uma pequena, pois eles mesmos frequentemente contam mentirinhas, mas ficariam envergonhados de contar grandes mentiras."
Na atual circunstância, essas palavras poderiam ser certamente de uma conversa privada entre Vladimir Putin e os assessores dele, mas não é. Essa é uma passagem de Minha Luta, a autobiografia de Adolf Hitler.
Após perceber que não há mais como negar a presença russa na Ucrânia, Putin passou a justificar retoricamente a presença militar na região a partir de uma interpretação risível do acordo de 1997 celebrado entre Rússia e Ucrânia ou afirmando que as ações russas possuem caráter humanitário devido à crise instalada por um governo ucraniano ilegítimo, criando mais uma realidade paralela para justificar a intervenção em território ucraniano. Assim, Putin, sem nem mesmo ruborizar, maximiza as mentiras contadas sobre a Ucrânia, mas a qual custo?
A insustentabilidade da mentira não se dará por uma virtude moral do presidente russo, mas sim pelo fato de que a desfaçatez deste rivaliza ainda mais com um Ocidente que já apresentou armas econômicas. Dessa forma, o limite de Putin será o aumento da escassez e empobrecimento da população russa e o "desenriquecimento" dos mais abastados e politicamente influentes, e não um freio moral que é ativado por uma grande mentira.
A Ucrânia pediu ontem adesão total à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o apelo mais enfático até hoje para se unir à aliança militar ocidental, depois de acusar a Rússia de enviar blindados ao território ucraniano.
Desafiante como sempre, o presidente russo, Vladimir Putin, comparou a ofensiva de Kiev para recuperar o controle das cidades do leste à invasão nazista da ex-União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial.
Putin anunciou que os rebeldes conseguiram conter a ofensiva e propôs que agora permitam que soldados ucranianos cercados possam deixar o local.
Falando para jovens em um acampamento de verão, Putin descreveu ucranianos e russos como "praticamente um povo". Para os primeiros, a expressão ignora 1 mil anos de existência da nação ucraniana.
Na última semana, os separatistas pró-Rússia abriram uma nova frente de batalha e expulsaram as tropas ucranianas de uma importante cidade em um território costeiro estratégico ao longo do Mar de Azov. Kiev e países ocidentais dizem que o revés foi resultado da chegada do blindados com tropas russas, enviados por Putin para fortalecer uma rebelião que de outra forma teria desmoronado.
O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, repudiou a Rússia novamente e declarou à rede de televisão France 24 que o país pode enfrentar mais sanções da União Europeia. Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que as evidências russas na Ucrânia são inegáveis. "Temos reunido provas que indicam exatamente o que está acontecendo, apesar dos protestos do governo russo. O fato é que essas negativas não têm nenhuma credibilidade, e temos sido bastante francos sobre isso."
Uma adesão completa à Otan, que incluiria um pacto de defesa mútua com os Estados Unidos, ainda é uma perspectiva improvável, mas, ao anunciar esse anseio, Kiev aumenta a pressão para que o Ocidente encontre maneiras de proteger sua nação.
Moscou ainda nega publicamente que suas forças estejam lutando para apoiar os rebeldes que declararam independência em duas províncias no leste da Ucrânia. Mas os próprios rebeldes confirmaram, dizendo que milhares de soldados russos combateram por eles quando estavam de licença.
Futebol
Putin espera que Rússia não perca o direito de sediar a Copa de 2018
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou ontem que espera que a Rússia não perca o direito de sediar a Copa do Mundo de 2018 após os clamores ocidentais para que o país não realize o torneio. Indagado se existe esse risco devido à complicada situação política atual, Putin respondeu: "Espero que não. A Fifa já disse que o futebol e o esporte não têm a ver com política, e acho que esta é a abordagem certa".
Membros do alto escalão da entidade que controla o futebol mundial reunidos em Mônaco não estavam cientes dos comentários de Putin quando foram abordados pela Reuters, e por isso não comentaram. O departamento de mídia da Fifa não estava disponível para contato de imediato.
Moscou tem enfrentado pedidos para que o evento esportivo seja transferido para outro lugar por causa de seu papel na crise na Ucrânia. Os senadores republicanos dos Estados Unidos Dan Coates e Mark Kirk citaram a exclusão da antiga Iugoslávia da Euro 1992 e da Copa de 1994 por conta das guerras nos Bálcãs quando fizeram o apelo em carta à Fifa.
Em julho, a Fifa declarou estar comprometida com a Copa do Mundo de 2018 na Rússia, argumentando que um boicote não seria uma maneira eficaz de reduzir as tensões na região. A Rússia irá sediar o Mundial em 12 estádios em 11 cidades, sendo duas arenas em Moscou.