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Ucrânia põe reservistas em alerta; Putin aceita diálogo

A Ucrânia anunciou hoje que pôs os seus reservistas em estado de alerta e fechou o seu espaço aéreo para aviões não comerciais. As medidas vêm um dia após o Senado da Rússia aprovar o envio de tropas para a região autônoma da Crimeia, que pertence à Ucrânia.

O diretor do Conselho de Segurança Nacional ucraniano, Andrei Parubi, afirmou que o Ministério da Defesa "chamará todos os reservistas necessários às Forças Armadas neste momento".

O objetivo é "garantir a segurança e a integridade territorial da Ucrânia após a violação dos acordos bilaterais por parte da Rússia, em especial sobre a frota do mar Negro", disse Parubi.

Arseni Iatseniuk, primeiro-ministro ucraniano, afirmou que, "se o presidente russo quer ser aquele que iniciou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, está perto de atingir o objetivo. Estamos à beira do desastre".

Hoje, o Parlamento da Crimeia, que não reconhece a autoridade do governo interino da Ucrânia sobre a região, decidiu criar a sua própria Marinha de Guerra.

O comandante da Marinha ucraniana, Denis Berezovsky, anunciou que aderiu às autoridades pró-Rússia da Crimeia e será acusado de traição por Kiev.

Na capital, cerca de 50 mil pessoas foram à praça da Independência protestar contra a situação. "Não nos renderemos", gritavam.

Em Bruxelas, após uma reunião de urgência de oito horas, o secretário-geral da Otan, Anders Rasmussen, pediu que a Rússia respeite a integridade do território da Ucrânia e retire suas tropas.

Ele diz que a incursão militar na península da Crimeia viola normas internacionais.

Putin aceita criação de grupo de contato sobre Ucrânia

O governo alemão disse que o presidente russo Vladimir Putin aceitou uma proposta feita pela chanceler Angela Merkel para montar um "grupo de contato" com o objetivo de facilitar o diálogo na crise da Ucrânia.

Merkel sugeriu a ideia em uma conversa telefônica durante a qual ela acusou Putin de violar as leis internacionais com a "inaceitável intervenção russa na Crimeia". O porta-voz do governo alemão Georg Streiter disse em comunicado que Putin também aceitou a ideia da criação de uma missão de inquérito.

Já um comunicado do Kremlin disse que Putin defendeu a ação da Rússia contra "forças ultranacionalistas" na Ucrânia e insistiu que as medidas tomadas até agora eram "totalmente adequadas". Durante a ligação telefônica, o presidente russo teria chamado a atenção de Merkel para a "ameaça implacável de violência" contra cidadãos russos e a população de língua russa na região.

O comunicado russo não se referiu especificamente à proposta de Merkel, mas mencionou a necessidade de continuar "consultas tanto bilaterais como no formato multilateral com o objetivo de cooperar para normalizar a situação sócio-política da Ucrânia".

Mais cedo neste domingo, o ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa poderia ser convidada a instalar uma missão de investigação para determinar o que realmente está acontecendo na Crimeia e no leste da Ucrânia.

Ele acrescentou que um "grupo de contato" envolvendo países europeus e, talvez, as Nações Unidas, juntamente com a Rússia e a Ucrânia poderia ser parte da solução para a crise na região. Streiter disse que o grupo poderia ser conduzido pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, um órgão que inclui 57 países, entre eles nações da União Europeia, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos.

"No final, o resultado deve ser que os soldados russos regressem aos seus quartéis", disse Steinmeier.

Nesta segunda-feira, ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reunirão para discutir a crise ucraniana.

Steinmeier defendeu o diálogo, em vez de uma possível ação contra a Rússia, e disse que há diferenças entre os líderes das oito nações mais desenvolvidas sobre o futuro de Moscou no grupo. "Alguns dizem que agora temos de enviar um sinal forte e excluir a Rússia", disse. "Outros dizem - estou mais com eles - que o formato do G-8 é na verdade o único formato em que nós do Ocidente ainda falamos diretamente com a Rússia. Devemos realmente sacrificar este formato?", questionou.

Fonte: Associated Press.

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