Repercussão
EUA acusam russos de alimentar tumultos na região leste ucraniana
Reuters
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, acusou ontem agentes e forças especiais russas de fomentar tumultos separatistas no leste da Ucrânia, dizendo que Moscou pode estar tentando se preparar para uma ação militar como a da Crimeia.
Manifestantes armados pró-Moscou ainda ocupavam ontem edifícios do governo ucraniano em Lugansk e Donetsk, no leste do país, cuja maioria da população é russófona, embora a polícia tenha encerrado uma terceira ocupação em uma operação-relâmpago noturna, em Kharkov.
Bombas
O serviço de segurança da Ucrânia disse que os separatistas que ocupam seu quartel-general em Lugansk plantaram bombas no prédio e que têm até 60 reféns. Os ativistas no local negaram ter explosivos ou reféns, mas disseram ter tomado um arsenal repleto de rifles automáticos.
Plano
O governo da Ucrânia diz que as ocupações que começaram no domingo são parte de um plano liderado pela Rússia para desmembrar o país, e Kerry declarou temer que Moscou possa repetir sua operação na Crimeia.
Moscou anexou a península do mar Negro no mês passado depois de um referendo realizado quando as tropas russas já tinham tomado o controle da região.
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia advertiu o governo da Ucrânia de que qualquer uso de força do exército ucraniano na tentativa de retomar o controle dos edifícios do governo em três cidades do leste pode mergulhar o país em uma guerra civil. Os russos pediram que o país vizinho desista de todo tipo de preparativos militares para deter os protestos dos pró-russos.
Moscou afirmou que tem informações sobre o envio de unidades das tropas do Ministério do Interior e da Guarda Nacional da Ucrânia para as regiões do leste, nas cidades de Donetsk, Kharkov e Lugansk territórios onde a etnia russa concentra a maioria da população.
"Fazemos um apelo para o fim de qualquer preparativo militar, que estão repletos de riscos de desencadear uma guerra civil", disse o comunicado da chancelaria russa.
Na segunda-feira, as forças pró-Moscou invadiram os prédios do governo da Ucrânia, hastearam bandeiras da Rússia e declararam novos governos em Donetsk, Lugansk e Kharkov.
Logo após o episódio, o presidente em exercício da Ucrânia, Oleksandr Turchinov, disse que "medidas antiterroristas" seriam tomadas contra os manifestantes. Ontem, o ministro do Interior, Arsen Avakov, anunciou que 70 manifestantes pró-Rússia haviam sido presos em Kharkov e que os prédios foram desocupados. Ele anunciou também que, em breve, pretende retomar o controle de Lugansk e Donetsk.
"Uma operação foi lançada. Bloqueamos o centro da cidade e as estações de metrô de Kharkov. Assim que terminarmos os esforços, tudo será normalizado", disse o ministro em nota divulgada no Facebook.
EUA
Após o retorno das tensões no leste ucraniano, o governo dos EUA pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, para que deixe de "desestabilizar" a Ucrânia e manifestou a "preocupação com o aumento" dos conflitos no país sob a pressão da Rússia. "Estamos prontos para aprovar sanções contra a economia russa a qualquer momento", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Em entrevista à agência Interfax, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o país reitera a disponibilidade para participar de negociações sobre a crise da Ucrânia. Ele também pediu um engajamento do país vizinho para terminar as tensões em seu território.
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