A Ucrânia se prepara para lembrar os 30 anos da catástrofe de Chernobyl, o pior acidente nuclear da história e cujo número de vítimas continua sendo um mistério e alvo de controvérsias.
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A tragédia havia sido deixada de lado durante décadas, até que o terremoto que atingiu o Japão em 2011 e que provocou um grave acidente nuclear na usina de Fukushima reavivou os pesadelos sobre os riscos desta fonte energética e relançou o debate internacional.
À 01h23 da madrugada de 26 de abril 1986, o reator nuclear número quatro da usina nuclear de Chernobyl, situado 100 quilômetros ao norte de Kiev, explodiu durante um teste de segurança.
Durante 10 dias, o combustível nuclear ardeu, liberando na atmosfera nuvens tóxicas que contaminaram com radiação até três quartos do território europeu, atingindo especialmente a Ucrânia e os vizinhos Belarus e Rússia.
Moscou tentou esconder o acidente ocorrido na ex-república soviética e as autoridades esperaram o dia seguinte para evacuar os 48 mil habitantes da localidade de Pripyat, situada a apenas três quilômetros da usina.
O primeiro sinal de alerta foi lançado pela Suécia no dia 28 de abril, quando as autoridades detectaram quantidades anormais de radiação, mas o líder soviético Mikhail Gorbachev não se referiu publicamente ao incidente até 14 de maio.
Depois que as autoridades reconheceram o acidente, um total de 116 mil pessoas precisaram deixar seus lares situados na zona de exclusão, à qual até hoje em dia seguem sem poder voltar.
Nos anos seguintes, outras 230 mil pessoas sofreram o mesmo destino. No entanto, cerca de 5 milhões de ucranianos, russos e bielorrussos vivem em zonas onde a quantidade de radiação é alta.
Em quatro anos, 600 mil pessoas, principalmente militares, policiais, bombeiros e funcionários, trabalharam como “liquidadores” para conter o incêndio nuclear e criar uma barreira de concreto para isolar o reator.
Os agentes mobilizados chegaram ao local quase sem proteção ou com um equipamento inadequado para enfrentar a nuvem tóxica. Além de conter o incêndio, precisaram limpar as zonas adjacentes e construir o sarcófago para conter a radiação.
Balanço controverso
Mas três décadas depois do acidente, o balanço de vítimas continua sendo alvo de debate. Um controverso relatório publicado pela ONU em 2005 estimou em cerca de 4 mil as vítimas nos três países mais afetados.Um ano depois, a organização ambientalista Greenpeace situou o número em cerca de 100 mil.
Segundo o Comitê Científico sobre os Efeitos da Radiação Atômica da ONU, ocorreram 30 mortes entre os agentes enviados para conter os efeitos do acidente nos dias posteriores ao desastre.
No entanto, a estrutura criada imediatamente depois do acidente, de maneira apressada, ameaçava começar a vazar para o ar 200 toneladas de magma radioativo, razão pela qual a comunidade internacional se comprometeu a construir uma nova camada de concreto mais segura.
A construção de uma urna com uma altura de 110 metros de 25 toneladas começou finalmente em 2010. Esta estrutura, levemente mais alta que o Big Ben em Londres, permitiria cobrir a catedral de Notre Dame de Paris.
Este novo sarcófago deve estar plenamente operacional no fim de 2017 e terá um custo total de 2,1 bilhões de euros (2,4 bilhões de dólares).
Seu financiamento contou com a participação do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, e mais de 40 países também contribuíram. Espera-se que o G7 e a Comissão Europeia forneçam 165 milhões de euros adicionais.
Com uma vida útil estimada em um mínimo de 100 anos, esta estrutura deve dar tempo para os cientistas encontrarem novos métodos para desmantelar e enterrar o resto do reator, para que algum dia o local possa se tornar seguro novamente.
Até o momento ainda não está claro de onde será obtido o financiamento para manter a estrutura, advertiu com preocupação uma fonte ocidental próxima, que disse que a questão pode ser abordada em 25 de abril em uma assembleia de doadores em Kiev.
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