O governo da Ucrânia está realizando uma significativa reforma em seu quadro ministerial, a maior desde o início da guerra provocada pela invasão russa em 2022. O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, uma figura frequentemente destacada nos principais veículos de comunicação internacionais, é um dos principais nomes que devem deixar o governo ucraniano em meio a reforma.
Kuleba apresentou nesta quarta-feira (4) sua renúncia por meio de uma carta enviada à Rada Suprema, o Parlamento ucraniano, conforme anunciado pelo presidente da casa legislativa, Ruslán Stefanchuk, em sua conta oficial no Facebook. A saída de Kuleba, que ocupava o cargo desde 2020 e desempenhou um papel crucial na diplomacia ucraniana durante o conflito contra a Rússia, ainda será discutida em uma das próximas sessões plenárias do parlamento.
Além da renúncia de Kuleba, a vice-primeira-ministra de Integração Europeia, Olga Stefanishyna, também teve sua saída aprovada pelo Parlamento. Outras demissões recentes incluem os ministros de Justiça, Denys Maliuska; de Industrias Estratégicas, Oleksandr Kamyshin; e de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Ruslan Strilets. O chefe do Fundo de Propriedade do Estado, Vitaliy Koval, também apresentou sua renúncia, que ainda precisa ser formalmente aceita pelo Parlamento.
Em um comunicado na rede social Telegram, David Braun, chefe da bancada parlamentar do partido Servo do Povo, do qual faz parte o presidente Volodymir Zelensky, informou que mais de 50% dos integrantes do Gabinete serão substituídos nas próximas horas. A reforma é parte de um esforço mais amplo para reestruturar o governo, reduzir gastos e melhorar a eficiência administrativa em tempos de guerra.
Zelensky já havia sinalizado mudanças iminentes na estrutura do governo, e o primeiro-ministro, Denys Shmygal, anunciou planos para uma redução do número de ministérios com o objetivo de economizar recursos.
A reação da Rússia às mudanças na liderança ucraniana foi minimizada. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta quarta-feira que as mudanças no governo da Ucrânia não influenciarão “de forma alguma” as perspectivas de um processo de negociação.
“Não, isto não influenciará de forma alguma e não tem nada a ver com as perspectivas de um processo de negociação”, respondeu Peskov, citado pela agência de notícias oficial TASS, a uma pergunta sobre os impactos que poderão ter as mudanças governamentais na Ucrânia.
Ao mesmo tempo, o porta-voz frisou que a Rússia toma nota de todas as informações provenientes da Ucrânia.