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Soldado russo inspeciona sede do Batalhão Azov em Mariupol, em maio deste ano: 108 dos 215 presos recebidos pela Ucrânia são membros do grupo neonazista, que participou da resistência na cidade
Soldado russo inspeciona sede do Batalhão Azov em Mariupol, em maio deste ano: 108 dos 215 presos recebidos pela Ucrânia são membros do grupo neonazista, que participou da resistência na cidade| Foto: EFE/EPA/SERGEI ILNITSKY

A Ucrânia trocou o político pró-Rússia, Viktor Medvedchuk, detido por Kiev há meses, por mais de 200 prisioneiros ucranianos - entre eles membros da milícia neonazista Batalhão Azov - e de outras nacionalidades que estavam nas mãos dos russos.

A troca de prisioneiros ocorreu nas últimas horas de quarta-feira (21) após meses de negociações entre os dois países, uma vez que no último mês de abril o próprio Medvedchuk, amigo do presidente Vladimir Putin e então detido pelas autoridades de Kyiv, solicitou através de um vídeo que fosse trocado por civis e soldados ucranianos que resistiram em Mariupol.

Durante a troca realizada nesta quarta-feira, a Ucrânia recebeu 215 pessoas, incluindo 124 oficiais, que estavam nas mãos dos russos, segundo o chefe do gabinete da presidência, Andriy Yermak, ao presidente Volodymyr Zelensky durante uma conversa por telefone com os libertados.

“Inicialmente, nos ofereceram devolver 50 de nosso povo em troca de um dos que estavam no centro de detenção do Serviço de Segurança da Ucrânia. Conversamos. Insistimos. O número aumentou de 50 para 200. Eles já estão na Ucrânia. Acho que este é um bom resultado”, declarou Zelensky em seu habitual discurso noturno.

Entre os prisioneiros ucranianos libertados estão 108 membros do Batalhão Azov, que participou da resistência em Mariupol, incluindo seu comandante, Denys Prokopenko “Redis”, e outros integrantes que são considerados heróis ucranianos.

Também foram libertadas as defensoras de direitos humanos Maryana Mamonova, Yana Shumovetska e Anastasiya Chernenka, que foram capturadas enquanto grávidas, segundo as autoridades ucranianas.

Dez outros prisioneiros de várias nacionalidades em poder dos russos foram libertados e enviados para a Arábia Saudita, onde foram acompanhados pelo chefe do Fundo de Propriedade do Estado, Rustem Umerov.

De acordo com informações fornecidas pelo site presidencial ucraniano, o chefe interino do Serviço de Segurança, Vasyl Maliuk, o vice-chefe da Direção Geral de Inteligência, Dmytro Usov, e o comissário de Direitos Humanos do Parlamento, Dmytro Lubinets, reuniram-se com os 200 ucranianos libertados.

“Hoje trocamos diretamente 200 cidadãos da Ucrânia pelo senhor Medvedchuk. Gostaria de salientar que Medvedchuk não é apenas um amigo próximo de Putin, mas um traidor do Estado bem documentado. Sua culpa está totalmente registrada nos materiais relevantes”, disse Vasyl Maliuk.

Maliuk lembrou ainda que, durante o trabalho de investigação sobre os casos de Viktor Medvedchuk, “várias redes subversivas foram neutralizadas, traidores do Estado foram detidos e uma grande quantidade de informações foi obtida, que agora é usada em atividades de contrainteligência”.

Além disso, mais cinco cidadãos foram libertados em troca de 55 prisioneiros russos, segundo informações da Ucrânia.

Quase todos os libertados já estão em território ucraniano, exceto os cinco comandantes do Azov, que, segundo acordos feitos anteriormente com o presidente Recep Tayyip Erdogan, estão na Turquia “sob suas garantias pessoais de proteção”.

O político pró-russo e oligarca Victor Medvedchuk, preso em 12 de abril pelas forças de segurança ucranianas, é considerado há 20 anos o principal agente de influência do Kremlin na política ucraniana, especialmente na região do Donbas.

“Conheço Putin desde 2002, quando era chefe do governo presidencial. Estou orgulhoso de nossa relação de amizade”, afirmou Medvedchuk à Agência Efe em entrevista em 2019.

Medvedchuk, de 67 anos, é para muitos ucranianos o “traidor por excelência” devido aos seus laços estreitos com a Rússia, ao que se deve acrescentar o fato de que nos últimos anos se tornou um dos principais inimigos de Zelensky.

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