Frango à Kiev pode ser um prato popular, mas como o mundo aprendeu nos últimos dias, a palavra “frango” não descreve o povo de Kiev (escrito Kyiv pelos ucranianos). Longe disso. A coragem dos ucranianos diante da cruel invasão militar de Moscou já é lendária. Vamos admirá-los por muitos anos, independentemente do resultado deste trágico episódio da história europeia.
“Nos últimos dias, vimos uma série de vídeos mostrando ucranianos e o presidente Volodymyr Zelensky desafiando uma investida da agressão russa”, escreveu Miles Pattenden, historiador da Universidade Católica Australiana, no The Conversation. “Quem poderia deixar de se emocionar com o vídeo de uma mulher ucraniana confrontando um soldado [russo] armado e com botas de cano alto, dizendo-lhe para colocar sementes de girassol nos bolsos para que pelo menos os girassóis cresçam onde ele morrer?”
O título do artigo de Pattenden é muito revelador: Santa Olga de Kiev é a padroeira do desafio e da vingança da Ucrânia. Ele ressaltou:
“Os ucranianos estão acostumados à adversidade e têm um modelo medieval especial que personifica a bravura deles diante das dificuldades. A horda mongol destruiu o túmulo de Olga em Kiev em 1240, mas uma catedral ortodoxa ucraniana dedicada a ela foi consagrada em 2010”.
Qualquer povo que venere pessoas como Santa Olga de Kiev é um povo a ser temido. Se Vladimir Putin tivesse feito o dever de casa, não ficaria surpreso com a resistência feroz à sua beligerância. "Uma mulher feroz e orgulhosa que protegeu seu filho e vingou a morte de seu marido", escreveu Pattenden, “ela foi uma figura crucial na consolidação do reino medieval da Rússia de Kiev como entidade política e na conversão de seus povos ao cristianismo".
Onze séculos atrás, quando estrangeiros mataram seu marido, Olga retaliou com uma simplicidade e brutalidade tão impiedosa, sangrenta e completa quanto possível. Ela ensinou aos perpetradores uma lição que seus descendentes podem estar ensinando a Vladimir Putin enquanto você lê isso. Eu certamente espero que sim.
Os ucranianos são feitos de experiências duras. Eles sofreram a invasão dos bolcheviques de Lênin há um século, seguido pela incorporação forçada à União Soviética. Eles sobreviveram ao Holodomor do início da década de 1930, a fome de Stálin que matou seis milhões de ucranianos para coletivizar suas fazendas. Mil anos atrás, Kiev foi quase exterminada por uma invasão mongol mencionada no artigo de Pattenden.
Foi em 1240 quando o neto de Genghis Khan, Batu, sitiou Kiev por nove dias antes de tomar a cidade. Daquele tempo terrível, Derek Davison escreveu:
“Guerreiros mongóis saquearam a cidade de sua riqueza e queimaram quase todos os seus edifícios. De uma população de cerca de 50.000, acredita-se que apenas cerca de 2.000 sobreviveram, embora não esteja claro quantos foram mortos durante o cerco e quantos foram executados depois”.
Os ucranianos sabem por sua própria experiência dolorosa o quão importante é a virtude da coragem. Eles entendem provavelmente melhor do que o americano médio que sua sobrevivência depende disso. Eles estão provando diante de nossos olhos que é uma virtude que eles ainda possuem em admirável abundância. Sou grato pelo exemplo que eles estão dando ao mundo e rezo pelo sucesso deles.
Também sou grato pela coragem dos russos que estão nas ruas de Moscou e outras cidades exigindo o fim da violência. Tendo visitado a Rússia sete vezes desde 1985, sei que o país está cheio de pessoas de consciência que se envergonham do que o governo de Putin fez. É um grande risco para um cidadão russo desafiar um autocrata que silencia os oponentes, mas isso acontece cada vez mais.
No final de abril, falarei em Praga, República Tcheca, para centenas de jovens de toda a Europa. O evento, patrocinado pela European Students for Liberty, chama-se LibertyCon Europe. Antes disso, e a pedido da ESFL, escrevi um ensaio que será distribuído em papel aos participantes. O assunto é coragem. Em homenagem à Ucrânia, compartilho aqui uma pequena parte:
"Em Praga, onde este ensaio será distribuído, um jovem chamado Jan Palach deu a vida para protestar contra a invasão soviética de seu país. Era janeiro de 1969. O sacrifício supremo de Palach será lembrado por séculos como uma declaração de liberdade, um ato de coragem desafiadora, uma inspiração para a Revolução de Veludo da Tchecoslováquia apenas 20 anos depois…
Se um dia você puder dizer que quando a liberdade foi desafiada, você se levantou para defendê-la e não correu para se proteger, seus filhos e netos vão agradecer. Eles se lembrarão de vocês como heróis por uma causa nobre.
O filósofo francês Voltaire escreveu: 'Enquanto o povo não se importar em exercer sua liberdade, aqueles que desejam tiranizar o farão; pois os tiranos são ativos e ardentes e se dedicarão… A colocar algemas nos homens adormecidos'.
Como amantes da liberdade, não devemos dormir enquanto nossos valores estão cercados. Devemos ser pessoas de coragem! É assim que vamos vencer".
©2022 Foundation for Economic Education (FEE). Publicado com permissão. Original em inglês.
Perda de contato com a classe trabalhadora arruína democratas e acende alerta para petistas
Bolsonaro testa Moraes e cobra passaporte para posse de Trump; acompanhe o Sem Rodeios
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal
Comparada ao grande porrete americano, caneta de Moraes é um graveto seco
Deixe sua opinião