A União Europeia acusou ontem a Rússia de impedir que a Ucrânia faça um acordo para entrar no bloco, como uma forma de manter seu domínio das antigas repúblicas soviéticas. A declaração foi feita horas depois de o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, recusar um acordo com os europeus.
O mandatário apresentou a renúncia da Ucrânia ao acordo na última hora, após dois dias de reunião com chefes de governo europeus na Lituânia. Em encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, ele reconheceu que tem uma relação bastante desigual com a Rússia, que o levou a recusar o convite.
Em entrevista coletiva, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou que rejeitará os vetos da Rússia à sua relação com as antigas repúblicas soviéticas. "Não podemos aceitar o veto de outro país à aproximação da União Europeia com esses Estados", afirmou.
Já o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, pediu aos ucranianos que ignorem as pressões a curto prazo e manteve sobre a mesa o acordo que deveria ter sido assinado na cúpula de Vilna. "Chegou a hora da coragem e da decisão. Não devemos renunciar ante pressões externas, inclusive da Rússia".Mais cedo, Yanukovich afirmou que a Ucrânia ainda pretende assinar um acordo com a União Europeia no futuro, mas que seu país precisa de um pacote de ajuda financeira para facilitar essa aproximação. Ele disse que uma oferta anterior de 600 milhões de euros (R$ 1,86 bilhão) seria "humilhante".
Ontem, ele justificou sua preferência pelo fim das negociações devido aos problemas econômicos da Ucrânia, que usa como fonte de energia o gás vindo da Rússia, vendido a preços altos. A necessidade do produto fez com que Kiev cedesse às pressões de Moscou, mesmo quase tendo fechado acordo com a UE.