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A União Europeia (UE) ameaçou neste sábado (19) romper com a cúpula climática das Nações Unidas (COP27) e abandonar a reunião se o documento final não mantiver os compromissos de não exceder o limite de 1,5ºC de aquecimento global.
A mensagem foi do vice-presidente executivo da Comissão Europeia (CE), Frans Timmermans, em uma entrevista coletiva improvisada na qual ele esteve acompanhado por vários ministros de países do bloco.
"Seremos claros. Os parceiros da UE estão aqui para trazer um bom resultado. Preferimos não ter uma decisão do que ter uma má decisão", afirmou Timmermans, visivelmente insatisfeito.
Em uma clara mensagem de pressão, o também comissário do Pacto Verde da UE acrescentou que o bloco "quer um resultado positivo, mas nós não um resultado a qualquer preço".
"Não aceitaremos resultados que nos levem para trás, precisamos avançar, não retroceder. E todos os ministros e eu estamos prontos para sair", declarou.
Timmermans argumentou que ainda acredita que obter um resultado positivo hoje "ainda está ao alcance", mas que a UE "está preocupada" após as "últimas 12 horas de negociações" terem dado indicações de que "as ambições" estão retrocedendo na questão da redução das emissões de gases de efeito estufa.
"Sem isso não poderemos nos concentrar no fundo para aqueles (países) mais necessitados (para receber compensações por sofrerem efeitos da mudança climática)", frisou.
Timmermans referia-se à questão central destas negociações, as exigências dos países em desenvolvimento para um compromisso na COP27 de criação de um fundo separado para financiar uma compensação pelos danos que sofrem com a mudança climática, apesar de não serem os grandes responsáveis por causá-la.
Na sexta-feira (18), a União Europeia anunciou que aceitaria a criação de um fundo, algo que anteriormente havia sido relutante em fazer, mas condicionou seu apoio ao fato de ser dirigido aos países "mais vulneráveis" e que o financiamento do fundo seria "de base ampla" por parte dos doadores.
Essa referência significaria, embora Timmermans não mencionasse nenhum país, que países como China, Arábia Saudita e Catar, que têm alto desenvolvimento humano e econômico e cujas emissões poluentes já estão entre as mais altas do mundo, mas que não são doadores dos fundos climáticos da ONU, teriam que se comprometer a contribuir.