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O principal negociador da União Europeia para o clima, Artur Runge-Metzger, cobrou nesta quinta-feira do Brasil uma posição sobre o uso do petróleo do pré-sal. Apesar de satisfeito pela "mesa não estar mais vazia" de propostas dos países em desenvolvimento, ele diz que ainda há muitas questões em aberto para saber se as metas anunciadas até agora são suficientes ou não.

"O Brasil falou em reduzir o desmatamento e colocou números porcentuais, a China disse que vai diminuir a intensidade de carbono e a Índia também. Mas há questões pendentes. No Brasil, o que vocês estão fazendo no setor industrial? Sabemos que muito petróleo foi encontrado em frente à costa brasileira. Ele será usado em grande escala?", indagou.

Runge-Metzger ressaltou que até hoje "a matriz energética é limpa, majoritariamente de hidrelétricas" e que o País tem a vantagem de usar muito biocombustível. "Mas isso pode mudar radicalmente se essa grande quantidade de petróleo for utilizada", disse à reportagem.

O negociador europeu também se queixou do fato de ainda não ter conseguido discutir de que forma as metas de redução das emissões de gases-estufa dos países em desenvolvimento entrarão no texto de Copenhague. "Estamos aqui há quatro dias e não conversamos sobre isso. É frustrante para nós."

Já o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou o Brasil, em Oslo, onde recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ele disse estar "muito impressionado" com o Fundo Amazônia - que recebe doações de países para permitir a conservação da floresta e, assim, evitar a emissão de gases-estufa resultantes do desmatamento. Para Obama, "esse é, provavelmente, o meio mais barato de enfrentar a questão: montar um corpo efetivo de mecanismos para evitar novos desmatamentos e, quem sabe, plantar novas árvores".

A questão do financiamento para as ações de corte de emissão e adaptação às mudanças climáticas inevitáveis é o maior impasse de Copenhague. O investidor bilionário George Soros apresentou nesta sexta-feira, na conferência, uma proposta para resolver o tema. Sua ideia é utilizar linhas de financiamento liberadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar países industrializados durante a crise econômica mundial e que acabaram não sendo acionadas. A sugestão recebeu apoio de ONGs ambientalistas.

De acordo com o secretário executivo da convenção, Yvo de Boer, por enquanto, o foco tem sido o financiamento de curto prazo. Para o longo prazo, existem somente "análises e cálculos" de quanto seria necessário para as ações de mitigação (redução das emissões de gases que provocam o aquecimento global) e de adaptação (preparação para as mudanças inevitáveis que ocorrerão com o aumento da temperatura).

Críticas brasileiras

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acusou nesta sexta-feira os EUA de quererem um "tratamento de país em desenvolvimento" quando se trata de estabelecer metas de redução de emissão de gases-estufa. Em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", da Radiobras, Amorim reconheceu que é um avanço o fato de pelo menos os americanos terem apresentado algo, mas que poderiam fazer mais. "No fundo, no fundo, os Estados Unidos querem tratamento de país em desenvolvimento." Amorim acusou os americanos de terem verificado quais ações poderiam tomar sem comprometer a economia e, então, dar um número. "O problema é evitar que outros países ricos queiram pegar carona nessa atitude e serem tratados como em desenvolvimento."

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