A China apresentou um "protesto formal" à União Europeia (UE) nesta segunda-feira (11), depois que os 27 países membros do bloco europeu expressaram suas preocupações com a situação dos direitos humanos no país asiático.
Em um comunicado divulgado no sábado (9), por ocasião do 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a UE “reconheceu” os “avanços” da China na “redução da pobreza e na melhoria do acesso à saúde e à educação”, mas “denunciou” as “violações dos direitos civis e políticos, especialmente das minorias étnicas, religiosas e linguísticas”.
A UE citou como exemplos a “gravíssima situação dos direitos humanos” em Xinjiang, com os uigures, e no Tibete, onde acusou a China de praticar “detenções em massa, vigilância generalizada, trabalho forçado, tortura, aborto forçado e esterilização, controle de natalidade e políticas de separação familiar, além de violência sexual e de gênero”.
A UE também criticou o uso “excessivo” da pena de morte na China, que supera o de “todos os outros países juntos”, e o “assédio, a intimidação e a prisão de defensores de direitos humanos, advogados, jornalistas e intelectuais”.
O regime chinês reagiu com “indignação” às declarações da UE, acusando-a de “espalhar muitas informações falsas”, “difamar sem sentido a imagem da China” e "interferir seriamente nos assuntos internos da China".
A porta-voz das Relações Exteriores do regime chinês, Mao Ning, disse que a China “está muito insatisfeita e se opõe a tal declaração” e que a UE "deve abandonar sua arrogância e preconceito".
Segundo Mao, a China “adere à abordagem centrada nas pessoas e fez conquistas históricas na causa dos direitos humanos”. Ela também afirmou que a China "respeita e protege os direitos de todos os grupos étnicos", incluindo a liberdade de "crença religiosa e a liberdade de usar e desenvolver seus próprios idiomas", e que as acusações de “genocídio” ou “trabalho forçado” são "grandes mentiras".
A China pediu à UE que "pare de instrumentalizar os direitos humanos e usá-los como desculpa para interferir nos assuntos internos e na soberania judicial da China".
A tensão entre a China e a UE ocorre após a realização da primeira cúpula presencial entre as duas partes desde 2019, na semana passada, em Pequim, na qual não houve grandes acordos sobre os principais temas de atrito, como o déficit comercial, a guerra na Ucrânia e a questão dos direitos humanos. (Com Agência EFE)