A despeito do drama humano, França e Itália, os dois países mais procurados por imigrantes africanos, insistem na reforma do chamado "Espaço Schengen" - região criada pelo tratado de livre circulação na Europa. Os dois países tentam reerguer barreiras à circulação de pessoas no interior da União Europeia (UE). Na semana passada, a sugestão foi transformada em proposta pela Comissão Europeia e será levada à apreciação dos chefes de Estado e de governo no fim do mês.
Indignados, deputados de diferentes espectros políticos transformaram o Parlamento Europeu na terça-feira em um centro de resistência contra a investida dos governos de França e Itália. Em Estrasburgo, sede do Legislativo da UE, um debate foi realizado contra as modificações do Espaço Schengen.
Guy Verhofstadt, deputado belga do grupo liberal-democrático, criticou a iniciativa franco-italiana, a qual classificou de "partida de pingue-pongue entre dois governos nas costas dos refugiados". Para Verhofstadt, a reintrodução de fronteiras seria "contrária à essência da Europa, além de desproporcional".
Daniel Cohn-Bendit, deputado do Partido Verde, lembrou a onda de imigração de refugiados da guerra da Bósnia para a Alemanha, nos anos 90. "A Alemanha recebeu centenas de milhares de refugiados e não afundou", disse. "Parem de dizer que os problemas do Norte da África são um problema de segurança (para a Europa)."
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, justificou a proposta, afirmando que o controle de fronteiras seria temporário e restrito a casos excepcionais. "A liberdade de movimento é para a Europa o que as fundações são para este prédio: retire-as e toda a estrutura desmorona", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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