Um dia após a primeira-ministra britânica, Theresa May, oferecer direitos aos cidadãos europeus, líderes do bloco econômico disseram nesta sexta-feira (23) que a proposta não é o bastante.
Entre eles o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que afirmou ao chegar ao segundo dia da cúpula em que os europeus estão reunidos em Bruxelas: "Este é um primeiro passo, mas ele não é o suficiente".
Já o premiê belga, Charles Michel, disse que a proposta de May é "um gato na sacola", uma expressão local para um "presente dúbio". Ele afirmou que a oferta foi "particularmente vaga".
As reações são uma demonstração da dura barreira que May deverá enfrentar nos próximos meses durante as negociações do "brexit", a saída britânica da União Europeia. As conversas foram formalmente iniciadas nesta semana.
May tem dito que vai conseguir o melhor acordo possível para o Reino Unido, que deve deixar o bloco econômico até meados de 2019. Mas os europeus vêm demonstrando não estar dispostos a muitas concessões.
O recém-eleito presidente francês, Emmanuel Macron, deve se mostrar especialmente rígido nessas negociações. Sua campanha foi marcada pela intensa defesa da União Europeia e da reaproximação com a Alemanha.
A conservadora May perdeu em 8 de junho a maioria parlamentar, ao eleger só 318 deputados, quando precisaria ter 326. Sua posição tem sido progressivamente enfraquecida e contestada, dentro e fora do país. O Partido Trabalhista pede a sua saída.
A cúpula dos líderes da União Europeia em Bruxelas, inaugurada na véspera, será encerrada após o almoço (ainda a manhã de Brasília).
Durante os dois dias de reuniões, foram discutidos, além do "brexit", temas como a defesa, a migração e a economia.
Direitos
A proposta de May, criticada na sexta (23), é de que os 3 milhões de europeus vivendo no Reino Unido não sejam obrigados a deixar o país no momento da separação.
Quem viveu no país por cinco anos poderia ter os mesmos direitos concedidos aos cidadãos britânicos.
A União Europeia exige, no entanto, que o Tribunal de Justiça da União Europeia possa garantir esses direitos. A primeira-ministra May se recusa a ceder nesse ponto.
Há 1,2 milhão de britânicos vivendo na União Europeia, cujos direitos também terão que ser negociados.
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