A União Europeia implementou nesta sexta-feira (12) uma nova rodada de sanções contra a Rússia por seu papel na crise na Ucrânia, incluindo restrições ao financiamento para algumas empresas estatais e congelamento de bens de líderes.
As medidas, que pela primeira vez afetarão o setor petroleiro, serão revisadas antes do fim do mês para decidir se é necessário anulá-las ou modificá-las em função da evolução do plano de paz entre os separatistas e o Exército ucraniano.
A Ucrânia, a UE e os EUA acusam a Rússia de apoiar os separatistas com armas e tropas, o que Moscou nega. Desde sexta (5), as partes cumprem um cessar-fogo como parte de um plano de paz.
As novas sanções são mais restritivas do que as adotadas em julho passado nos mercados de capital, defesa, produtos de uso misto e tecnologias estratégicas.
Em particular, limitarão o financiamento a três empresas petrolíferas: Rosneft, Transneft e Gazprom Neft, e a três sociedades do setor de defesa: United Aircraft Corporation, Oboronprom e Uralvagonzavod.
Por enquanto o setor do gás ficou fora das sanções.
Os 28 países da UE decidiram colocar as sanções em vigor na quinta (11), após uma semana de debates sobre se deveriam aplicá-las durante o cessar-fogo.
O presidente americano, Barack Obama, anunciou que os Estados Unidos também irão endurecer as sanções à Rússia, a partir desta sexta.
Indivíduos
As sanções também afetam 24 personalidades russas e ucranianas, acusadas de estar envolvidas no conflito no leste da Ucrânia, que não poderão viajar a países da União Europeia e terão seus ativos congelados.
Entre as pessoas afetadas, está Igor Lebedev, vice-presidente Câmara Baixa do Parlamento russo (a Duma), e Vladimir Jirinovsky, um político ultranacionalista.
Outro alvo das sanções é Sergei Chemezov, descrito como um colaborador próximo do presidente russo Vladimir Putin, desde sua época na KGB na Alemanha Oriental.
Ele é presidente da Rostec, uma das principais corporações do setor industrial e da defesa da Rússia, que inclui a fornecedora de armas Rosoboronexport e uma empresa que está planejando a construção de usinas de energia na Crimeia.
A exportadora de armas estatal Rosoboronexport disse não esperar que as sanções prejudiquem suas exportações, segundo disse o vice-chefe da empresa nesta sexta.Também foram alvo das sanções os líderes separatistas pró-Rússia Alexander Zakharchenko, primeiro-ministro da República Popular de Donetsk, e Gennadiy Tsypkalov, primeiro-ministro da República popular de Lugansk - os governos separatistas não são reconhecidos por Kiev.
Os ministros da Defesa e de Segurança de Donetsk, Vladimir Kononov e Andrey Yurevich Pinchuk, também aparecem na lista.
Com esta nova ampliação, já são 119 os indivíduos em que a UE impôs sanções.
Críticas
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a União Europeia rompeu os esforços de paz no leste da Ucrânia ao aplicar mais sanções contra Moscou.
"Tomar tal decisão no momento em que o processo de paz está ganhando estabilidade [...] isso significa escolher o caminho de romper o processo de paz", disse Lavrov.Ele disse ainda que a Rússia irá responder às sanções com "calma, de forma adequada e, sobretudo, a partir da necessidade de proteger nossos interesses".
A Rússia também criticou nesta sexta as novas sanções de Washington. "As sanções anunciadas pelo presidente Obama estão desconectadas da realidade", declarou o presidente da Duma, câmara baixa do Parlamento, Serguei Naryshkin.
Apoio
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, disse as sanções mostram o nível de solidariedade da Europa com seu país.
"Eu nunca senti antes este nível de solidariedade", disse Poroshenko em uma conferência em Kiev, também citando as promessas de apoio que recebeu da Otan, a aliança militar ocidental.
Poroshenko também disse esperar que os parlamentos da Ucrânia e da União Europeia consigam ratificar de forma conjunta um acordo de associação entre o país e o bloco na próxima terça (16).
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