A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, iniciou neste sábado (28) uma visita a Mianmar (antiga Birmânia) para encorajar o processo de reformas no país e reforçar as relações bilaterais após a suspensão das sanções econômicas contra a nação asiática.
Depois de se reunir na sede da Liga Nacional para a Democracia (LND), em Yangun, com a líder local e deputada eleita, Aung San Suu Kyi, Chaterine pediu para que seja "irreversível" o processo de reformas empreendido em Mianmar.
Suu Kyi foi eleita ao lado de outros 42 membros da LND como deputada nas eleições de 1º de abril, mas se negou a tomar posse do cargo para não jurar uma Constituição que pretende reformar.
"Este é um processo de mudança. Espero ver as coisas retornando ao seu lugar para que o processo seja irreversível e continue em frente", disse Catherine após se encontrar com Suu Kyi para conversar sobre o adiamento de sua posse.
"Muitas coisas deverão ser feitas. Mas o principal é que esta viagem já começou e nós estamos aqui para dar nosso apoio de modo que não ocorram retrocessos", acrescentou Catherine, que reconheceu o "papel proeminente" de Suu Kyi no processo de mudança.
Durante sua estadia na antiga capital do país, a diplomata inaugurou um novo escritório da UE, que coordenará com a sede regional europeia em Bangcoc o fornecimento de ajuda a Mianmar, considerado um dos países mais pobres do mundo.
Após encontro ministerial entre a UE e as nações do Sudeste Asiático realizado ontem em Brunei, Catherine explicou que o escritório significa um primeiro passo para o estabelecimento de uma delegação completa em Mianmar.
Entre 2012 e 2013, a UE fornecerá 150 milhões de euros para vários projetos, focados em comunidades rurais e no desenvolvimento da agricultura.
Neste domingo, a diplomata irá visitar a capital Naypyidaw, onde se reunirá com o presidente birmanês, Thein Sein, e vários ministros de seu governo, com o objetivo de abrir "um novo capítulo" nas relações com o país.
A viagem de Catherine ocorre após o bloco europeu concordar na segunda-feira passada a suspender por um ano todas as sanções contra Mianmar (exceto o embargo ao comércio de armas) em reconhecimento às mudanças políticos impulsionados pelo executivo de Thein Sein.
Catherine afirmou que no encontro com o presidente encorajará o líder a "fazer mais" no processo de reformas, que até o momento permitiu a libertação de diversos presos políticos, a legalização de partidos e sindicatos e o estabelecimento de vários acordos de cessar-fogo com guerrilhas de minorias étnicas.
Em comunicado emitido antes de sua chegada a Mianmar, a diplomata assegurou que "as reformas devem continuar" e pediu maiores progressos na "libertação incondicional de presos políticos e no fim dos conflitos com as minorias étnicas".
Mianmar atravessa uma etapa de reformas democráticas desde que a Junta Militar que governa o país se dissolveu e cedeu o poder a um governo civil, em 2011.
Este processo de abertura foi recebido com entusiasmo pela comunidade internacional e nos últimos meses se multiplicaram as visitas ao país de missões diplomáticas europeias e americanas.
Há duas semanas, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, visitou o país, e os Estados Unidos anunciaram recentemente a nomeação do primeiro embaixador em Yangun desde 1990.
Já o Banco Mundial anunciou ontem que abrirá um escritório em Mianmar em junho e nomeará um novo diretor para o país como parte do processo de "restabelecimento do diálogo" com o país asiático.