A União Europeia (UE) quer alcançar uma maior autonomia energética e continuar reduzindo a "dependência excessiva" da Rússia, buscando "outros fornecedores" e "cooperação mais inteligente" com a América Latina, disse na quarta-feira (26) o alto representante da Política Externa do bloco europeu, Josep Borrell.
Em discurso durante o "Diálogo de Chanceleres e Altas Autoridades", realizado em Buenos Aires como parte da 39ª sessão da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Borrell destacou que, na Europa, a Rússia está usando o energia "como uma arma".
"Em parte, a culpa também é nossa, porque criamos uma dependência excessiva que agora estamos tentando reduzir", afirmou.
O representante europeu destacou que, antes da invasão russa da Ucrânia, a Europa importava 40% do seu gás da Rússia, e agora foi possível “reduzir essa dependência” para 7%. Ele alertou para a necessidade de “procurar outros fornecedores” e reforçar o compromisso com a “energia descarbonizada”.
"E é isso que vemos na América Latina, um exemplo a seguir, porque em 2020 teve quase um quarto do seu consumo final bruto de energia de fontes renováveis. Acima do nosso, que mal ultrapassa os 20%", argumentou.
Cooperação inteligente
"Nós, europeus, estamos pensando em como nos tornarmos mais autônomos em relação a algumas de nossas dependências críticas, em particular a energética, mas autonomia não deve significar isolamento, um retorno às tensões autárquicas, dificultando o comércio internacional", disse Borrell, acrescentando que "deveria significar simplesmente uma cooperação mais inteligente.
O político espanhol chegou à Argentina para participar amanhã da primeira reunião conjunta desde 2018 entre os chanceleres dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE.
Borrell afirmou que a América Latina é uma "potência mundial" em biodiversidade, energia renovável, produção agrícola e matérias-primas: "Estratégica e naturalmente você quer agregar valor a essa capacidade produtiva, mas para agregar valor é preciso atrair tecnologia, garantir sustentabilidade e desenvolver mercados eficientes para as exportações", disse ele às autoridades no ato da Cepal.
“Acredito que esta situação dá a América Latina e Caribe uma nova oportunidade de consolidar o que já foi conquistado e ocupar novos espaços no mercado internacional. Como líder em energias renováveis, têm um potencial indiscutível para a produção de hidrogênio verde, chamado para ocupar um lugar central na nossa transição ecológica", considerou.
Também enfatizou as "enormes" reservas de cobre, ferro e materiais como lítio.
"Em Bruxelas, todos falam sobre quanto lítio existe na China e no Afeganistão, mas devemos lembrar que 60% das reservas mundiais desse mineral estratégico estão no triângulo do lítio formado pela Bolívia, Argentina e Chile. Você não precisa procurar na China, está aqui", disse.
O que Bolsonaro e a direita podem aprender com a vitória de Trump nos EUA
Perda de contato com a classe trabalhadora arruína democratas e acende alerta para petistas
O aumento dos juros e a chiadeira da esquerda; ouça o podcast
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal
Deixe sua opinião