Sarkozy (centro) alertou que os líderes vão solicitar uma ampla reforma da governança econômica e supervisão das instituições financeiras| Foto: Pascal Rossignol / Reuters

Os líderes dos 27 países que integram a União Européia vão pedir nesta quinta-feira (16) a criação de um órgão supervisor para as 30 maiores companhias do mundo do setor financeiro. As autoridades começaram nesta terça-feira (15) uma reunião de dois dias para estudar medidas adicionais a serem tomadas para combater a crise financeira e vão concordar em expandir o plano de ação elaborado pelo Reino Unido e pelos 15 países da zona do euro para as demais nações do bloco.

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Os líderes também vão pedir a reforma do sistema de Bretton Woods, em vigor desde 1944. Os europeus querem promover uma reunião de líderes de todas as partes do mundo para colocar a idéia em andamento após as eleições presidenciais norte-americanas. "Eu propus um encontro de cúpula internacional até o final do ano, preferencialmente em Nova York, onde tudo começou", disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy, em seu discurso de abertura.

Ele acrescentou que quer ver a supervisão financeira estendida para os fundos de hedge e eliminar os centros financeiros offshore. Os líderes da UE disseram que um novo órgão internacional para supervisionar os principais bancos seria formado por representantes de agências reguladoras e países e centros financeiros importantes. Seu propósito seria melhorar a comunicação e os planos de resposta para as operações dos bancos em todo o mundo.

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Os líderes da UE também estão voltando sua atenção para o impacto da crise do crédito e dos fortes declínios dos preços das ações sobre a economia de maneira geral, embora tenha havido poucos pedidos para um pacote de estímulo fiscal que abranja o bloco inteiro.

De acordo com um diplomata da UE, os líderes vão pedir uma ampla reforma da governança econômica e da supervisão das instituições financeiras globais. No alto de sua lista de prioridades estão relações mais próximas entre os supervisores nacionais responsáveis pelas atividades de grandes bancos e seguradoras, de forma que as autoridades tenham uma visão global sobre suas atividades.

Alguns dos líderes europeus criticaram o modo como o governo norte-americano lidou com a crise. "A crise mostrou uma falta de liderança nos EUA", disse o ministro de Finanças da Holanda, Wouter Boss. Eles deverão endossar em princípio o plano de ação da zona do euro acordado no último domingo, de acordo com o rascunho de um comunicado obtido pela Dow Jones. "O Conselho Europeu recebeu bem o plano de ação concertada dos países da zona do euro de 12 de outubro, e endossa seus princípios", diz o rascunho.

Os líderes também dão sinais crescentes de que terão uma abordagem mais dura com relação a seus bancos. O chanceler da Áustria, Alfred Gusenbauer, disse que o governo poderá nacionalizar os bancos do país à força como último recurso. "Se houver um perigo endêmico para a economia, essa seria uma medida de último recurso", disse ele. Gusenbauer também pediu um pacote de medidas para sustentar a economia de maneira geral, mas essa visão não parece ser compartilhada pela maioria dos demais líderes, que preferem tomar decisões sobre tributação e gastos em nível nacional.

Também nesta quarta-feira, o G-8, grupo dos oito países mais industrializados do mundo, informou que vai se reunir em breve e que os líderes dos países membros estão "unidos no compromisso de arcar com nossa responsabilidade" na resolução da crise financeira mundial. "Nós vamos enfrentar os desafios presentes e fazer nossas economias voltarem à estabilidade e prosperidade", diz a nota do G-8.

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O comunicado, divulgado pela Casa Branca, afirma que o G-8 elogia as recentes ações tomadas pelo G-7 e pelo FMI sobre a crise financeira. "Essas medidas vão ajudar as instituições financeiras a conseguir o necessário acesso ao capital, dar apoio sistemático a instituições financeiras importantes e evitar sua falência", afirma a nota. "Nós vamos implementar essas medidas de forma urgente, transparente e não discriminatória."

O G-8 informou que também vai trabalhar para limitar o impacto da crise nos países emergentes e em desenvolvimento. O comunicado afirma também que o grupo está decidido a concluir as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) "com resultados ambiciosos e equilibrados".

O G-8 reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia. As informações são da Dow Jones.