A União Européia (UE) espera que a nova aliança estratégica estabelecida nesta quarta-feira (4) com o Brasil, durante evento em Lisboa, se traduza em uma atitude responsável do país que ajude a levar a bom termo as negociações com o Mercosul.

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"Gostaríamos que o Brasil exercesse um trabalho de liderança em assuntos políticos e econômicos, como na Rodada de Doha ou no Mercosul", afirmou a comissária de Assuntos Exteriores da UE, Benita Ferrero-Walner. Mais concretamente, o bloco europeu espera que o Brasil "tenha uma atitude responsável para tentar concluir as negociações entre a União Européia e o Mercosul".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou de conferência com empresários europeus e brasileiros, disse que o Brasil pode ser mais flexível nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas afirmou que espera que as exigências dos países em desenvolvimento sejam atendidas.

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Comentando as dificuldades de se chegar a um acordo na Rodada Doha, Lula lembrou que é uma pessoa otimista, que não desanima diante de dificuldades. Ele contou aos empresários que é sindicalista desde os 23 anos e sempre negociou acordos complicados. Segundo Lula, a chave é a responsabilidade: "É por isso que as pessoas casam. É porque os dois pensam que vão ganhar."

Fundamentos econômicos

A aliança com o Brasil, porém, está fundamentada em aspectos econômicos. De acordo com a Comissão Européia, o Brasil é o principal parceiro comercial do bloco econômico: o intercâmbio comercial com o país ficou em 43,9 bilhões de euros (quase US$ 60 bilhões) no ano passado. As trocas comerciais só fazem crescer desde 2003, segundo a Comissão.

Além disso, o Brasil é um importante destino dos investimentos estrangeiros dos países da UE, com um valor estimado de 80 bilhões de euros (US$ 109 bilhões) para 2007. Os investimentos europeus no Brasil e superam os valores repassados para Rússia, Índia e China juntas.

Locomotiva latino-americana

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Além disso, a aproximação entre Brasil e União Européia - marcada não apenas por entendimentos políticos, mas também por um encontro de empresários de ambos os lados - é a primeira negociação direta do país sem participação do Mercosul. Segundo especialistas, os europeus estariam interessados especificamente no Brasil, considerado "a locomotiva da América Latina".

Quinto maior país do mundo em superfície e em população, o Brasil era em 2005 o 11º sócio econômico da UE, segundo relatório da agência de estatísticas européia Eurostat publicado em setembro do ano passado.

Ao absorver 23,4% das exportações do Brasil (em 2005) e 25,9% das importações (25,9%), a UE é o maior parceiro econômico do país no mundo. Os Estados Unidos aparecem logo depois, com quase 20% das exportações e importações do Brasil. No entanto, a concorrência com a Ásia está crescendo e 22% das importações brasileiras vêm deste continente, que representa 15% das exportações do país.