O Banco Mundial adiou um empréstimo de US$ 90 milhões para o sistema de saúde de Uganda após o país aprovar uma lei que endureceu a punição para gays. É uma atitude incomum para uma instituição que normalmente evita se imiscuir em temas políticos. O Conselho Executivo do Banco deveria ter aprovado o projeto de saúde na quinta-feira.
O dinheiro seria destinado a complementar um empréstimo de 2010 direcionado à saúde materna, ao recém-nascido e ao planejamento familiar. "Adiamos o projeto para uma posterior revisão, para assegurar que o andamento dos seus objetivos não seja afetado pela promulgação desta lei", informou por e-mail o porta-voz do Banco Mundial, David Theis.
O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, aprovou no início desta semana a lei que endurece as punições contra homossexuais. As condenações previstas pela nova lei incluem a prisão perpétua para os que forem considerados praticando atos "com agravo", definidos como a prática de sexo gay consentida entre adultos ou que envolva menores de idade, deficientes e pessoas contaminadas com o HIV. A lei também proíbe a "promoção da homossexualidade".
O Banco Mundial, instituição de combate à pobreza com base em Washington, geralmente se abstém de se envolver na política interna dos países ou em questões como direitos dos homossexuais para evitar constrangimentos com qualquer um dos seus 188 países-membros.
O presidente do banco, Jim Yong Kim, no entanto, enviou um e-mail para os funcionários dizendo que a instituição se opõe à discriminação e iria proteger a segurança de todos os funcionários. Ele disse que a aprovação da lei de Uganda não foi um incidente isolado, já que 83 países proíbem a homossexualidade e mais de cem discriminam as mulheres.
O banco tem um portfólio de US$ 1,56 bilhão de dólares em projetos em Uganda, classificado como um dos países mais pobres do mundo. O adiamento de empréstimo pelo Banco Mundial segue anúncios feitos pela Noruega e pela Dinamarca de que iriam segurar doações para Uganda por causa da nova lei.