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A China obriga centenas de milhares de uigures, cazaques e tibetanos a colher algodão em campos da província de Xinjiang, aponta um novo relatório da organização não-partidária Centro de Política Global (CGP, na sigla em inglês). Cerca de 85% do suprimento de algodão cru da China e 20% do suprimento mundial vêm de Xinjiang. A empresa sueca de roupas H&M rompeu relações com seu fornecedor da região em setembro devido às acusações de trabalho forçado.
Há “fortes evidências de que a produção da maior parte do algodão de Xinjiang envolve um programa estatal coercitivo voltado para grupos étnicos minoritários”, conclui o relatório do CGP.
A pesquisa, baseada em documentos do governo chinês e relatórios da mídia, foi escrita por Adrian Zenz, membro sênior da Fundação Memorial às Vítimas do Comunismo. Zenz escreveu extensos relatórios sobre os campos de reeducação do governo chinês para uigures e outras minorias, bem como sobre o programa de Pequim de esterilização forçada para mulheres uigures.
Pelo menos 570 mil pessoas de três regiões uigures foram mobilizadas para trabalhos forçados em campos de algodão em 2018, escreve Zenz na pesquisa. No entanto, “a transferência total de mão de obra de minorias étnicas para a colheita de algodão em Xinjiang provavelmente excede esse número em várias centenas de milhares”.
Cerca de 70% do algodão de Xinjiang é colhido manualmente, incluindo quase todo o material de alta qualidade proveniente principalmente das regiões uigures. Documentos e relatórios da mídia revisados por Zenz indicam que os programas de trabalho forçado são justificados por aliviar as supostas atitudes uigur “retrógradas” em relação ao trabalho.
“Como a colheita do algodão é um trabalho árduo, os relatos da propaganda estatal sobre a mobilização dos catadores têm como tema abrangente a superação da reticência dos trabalhadores em participar do esquema”, escreve Zenz. “Isso é unilateralmente atribuído a dois fatores principais: suas visões desatualizadas e retrógradas sobre o emprego, que supostamente fazem com que as minorias fiquem presas em suas formas tradicionais de ganhar a vida; e uma preguiça enraizada e falta de disciplina no trabalho, até mesmo uma falta de valorização do trabalho”.
Os EUA proibiram algumas, mas não todas, importações de algodão e produtos têxteis de Xinjiang. O Senado norte-americano está considerando aprovar a Lei de Prevenção do Trabalho Forçado Uigur, que proibiria a importação de qualquer produto feito a partir do trabalho forçado em Xinjiang. As corporações multinacionais, incluindo Apple, Coca-Cola e Nike, e grupos pró-negócios, como a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, estão fazendo lobby para amenizar a legislação.
©2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.