Governo Milei já havia informado que retiraria painéis solares instalados em território chileno, mas declaração de Boric na França apressou os planos e gerou desgaste| Foto: REUTERS/Agustin Marcarian
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Os governos de esquerda do Chile e libertário da Argentina se estranharam nesta segunda-feira (17), depois que o presidente chileno, Gabriel Boric, deu um ultimato a respeito de uma questão que Buenos Aires considerava encaminhada.

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De acordo com informações do jornal Clarín, em uma breve entrevista a jornalistas do Chile durante sua visita ao presidente Emmanuel Macron na França, Boric fez comentários sobre um episódio na fronteira no extremo sul dos dois países: a Marinha Argentina instalou por engano painéis solares em território chileno para fornecer energia a um destacamento.

“Gostaria de lhes dizer muito claramente que as fronteiras não são algo em que se possa ser ambíguo, é algo básico de respeito entre os países e que, portanto, eles devem remover esses painéis solares o mais rapidamente possível ou iremos nós mesmos fazê-lo”, disse o presidente do Chile.

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A declaração de Boric gerou desconforto no governo de Javier Milei porque este já se havia comprometido a retirar os painéis. Na sexta-feira (14), o embaixador argentino em Santiago, Jorge Faurie, enviou uma carta ao governo chileno manifestando a intenção de fazer a remoção, quando houvesse condições meteorológicas adequadas, e pedindo desculpas.

No sábado (15), houve um ato contra a Argentina em frente ao consulado do país em Santiago. Agora, veio a declaração de Boric. Diante do ultimato desta segunda-feira, o governo Milei informou que estava enviando uma equipe de 11 pessoas para retirar os painéis.

Segundo o Clarín, o episódio colocou em risco a realização de um evento em comemoração aos 40 anos do Tratado de Paz e Amizade entre os dois países, marcado para novembro.

Em abril, já tinha havido constrangimento depois que Milei anunciou que a Argentina vai construir uma base naval conjunta com os Estados Unidos na província da Terra do Fogo, no extremo sul do país, que, embora tenha o objetivo de reforçar a reivindicação argentina sobre as Ilhas Malvinas, também teria influência na briga com Santiago pela Antártida.

Embora o governo Boric, ao contrário do atual episódio, não tenha criado conflito verbal à época, deputados de esquerda chilenos aproveitaram o caso para criticar Milei.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]