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Último orçamento de Obama tenta marcar campanha presidencial

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(Foto: MANDEL NGAN/AFP)

O presidente americano, Barack Obama, apresentou nesta terça-feira (9) seu último orçamento, que não tem chances de ser aprovado, mas pode marcar a agenda do debate na campanha para eleger seu sucessor em 8 de novembro.

Do ponto de vista legislativo, o futuro é sombrio para o projeto de Obama, um plano recorde de US$ 4,1 trilhões, que cobre de cibersegurança a meio ambiente.

A iniciativa inclui US$ 320 bilhões para um período de dez anos para modernizar a infraestrutura dos Estados Unidos, com rubricas para pesquisa em tecnologias para energia limpa e câncer.

A maioria republicana que controla o Congresso já prometeu apresentar seu próprio projeto, “em vez de gastar tempo em uma proposta que” - segundo o presidente da Comissão de Orçamento da Câmara de Representantes, Tom Price - “renova a aposta pelas mesmas políticas fracassadas”.

Ainda assim, o orçamento dá a Obama uma de suas últimas chances de marcar a agenda com temas prioritários para o país e para seu partido Democrata.

Segundo o presidente, o orçamento é uma declaração de intenções orientada para a inovação e para o fortalecimento da Segurança Nacional.

“O orçamento que estamos apresentando hoje reflete minhas prioridades e as prioridades que, acredito, vão-nos ajudar a avançar em segurança e prosperidade para os Estados Unidos nos próximos anos”, explicou.

O projeto é um catálogo de medidas para, por exemplo, tornar os Estados Unidos independente em combustíveis fósseis - o que inclui uma tarifa de US$ 10 por barril de petróleo.

Também se propõe a lançar um programa de US$ 4 bilhões para que as escolas ensinem novas tecnologias e ajudem a modernizar a força de trabalho.

Em matéria de Segurança Nacional, são propostos US$ 7,5 bilhões - 50% a mais do que no ano passado - para a campanha contra o grupo Estado Islâmico (EI). Isso inclui US$ 1,8 bilhão para 45.000 bombas inteligentes guiadas por GPS.

O orçamento inclui partidas de mais de US$ 19 bilhões para cibersegurança, de modo a enfrentar o problema “de forma mais agressiva”.

“As ameaças cibernéticas implicam um perigo não apenas para nossa Segurança Nacional, como também para a segurança financeira e a privacidade de milhões de americanos”, afirmou.

Em um tom que evoca os tempos da Guerra Fria, explica-se que US$ 4,3 bilhões serão destinados a “conter a agressão russa e apoiar os aliados europeus”.

Impacto na campanhaEmbora tudo leve a crer que o projeto orçamentário esteja condenado ao fracasso, ainda poderá ter impacto na campanha à presidência, no momento em que a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o senador Bernie Sanders disputam a indicação democrata cabeça a cabeça.

Quando Obama disse que não votaria, nem faria campanha por qualquer um que não apoiasse o controle do uso de armas, Sanders, por exemplo, imediatamente defendeu seus antecedentes nesse tema.

De qualquer maneira, é improvável que Obama manifeste seu apoio por um, ou por outro, mantendo-se cuidadosamente imparcial.

O orçamento também dá ao presidente a oportunidade de fazer um contrapeso aos republicanos.

“Claramente, os republicanos não estão interessados em um orçamento que investe no futuro e aumenta os salários dos trabalhadores americanos”, ironizou a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi.

Já os republicanos parecem felizes de marcar suas posições.

“Isso sequer é um orçamento, e sim um manual progressista para aumentar o tamanho do governo federal às custas dos trabalhadores”, afirmou o presidente da Câmara, Paul Ryan.

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