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Goran Hadzic, o último sérvio suspeito de grandes crimes de guerra se recusou a responder às acusações contra ele relacionadas à guerra croata | Reuters
Goran Hadzic, o último sérvio suspeito de grandes crimes de guerra se recusou a responder às acusações contra ele relacionadas à guerra croata| Foto: Reuters

O último sérvio suspeito de grandes crimes de guerra se recusou a responder às acusações contra ele relacionadas à guerra croata (1991-1995), em sua primeira e breve aparição nesta segunda-feira no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia, em Haia, na Holanda.

A prisão de Goran Hadzic, 52 anos, e sua transferência para Haia na semana passada foram um momento simbólico tanto para a Sérvia como para toda a região dos Bálcãs, ao encerrar uma busca de 18 anos para a detenção de todos os 161 suspeitos indiciados na corte criada para julgar os crimes de guerra na ex-Iugoslávia.

A União Europeia insistia que a Sérvia capturasse todos os criminosos de guerra procurados antes de lhe conceder o status de país candidato a membro do bloco. Um relatório da UE sobre o progresso da Sérvia deve ser divulgado em outubro.

"O sr. Hadzic não vai apresentar uma contestação hoje. Ele vai se inteirar dos direitos que lhe são garantidos", disse na audiência o advogado designado pelo tribunal para sua defesa, Vladimir Petrovic.

Hadzic é acusado de 14 delitos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Isso inclui extermínio, tortura, assassinato e matança intencional de centenas de croatas e outros civis não-sérvios -- em especial, 264 pacientes hospitalares, mortos na cidade de Vukovar, em 1991.

Na sessão, de menos de 15 minutos, o juiz O-Gon Kwon disse que uma nova audiência de citação seria realizada num prazo de 30 dias, já que Hadzic não se pronunciou.

Suspeitos julgados no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia têm o direito de retardar sua contestação em até 30 dias. Mas se depois eles se recusarem a se pronunciar, a corte pode estabelecer, em seu lugar, uma declaração de não-culpado.

Ladeado por dois guardas, Hadzic parecia cansado quando apareceu no tribunal, com bigode e pêlos no rosto, mas sem a longa barba que usou durante as recentes guerras nos Bálcãs.

Hadzic estava foragido havia sete anos, superando o período na clandestinidade do comandante sérvio bósnio Ratko Mladic, indiciado por crimes de guerra na década de 1990, quando a Iugoslávia se esfacelou.

Pelo menos 130.000 pessoas foram mortas quando a Iugoslávia se dividiu, nas guerras envolvendo sérvios, croatas, muçulmanos-bósnios e albaneses de Kosovo, durante os anos 1990.

Hadzic não quis ouvir as acusações lidas contra ele, mas se mostrou cooperativo e não havia sinais de um comportamento desafiador como o de Mladic, que em junho rejeitou os delitos a ele atribuídos, qualificando-os de odiosos e monstruosos.

O tribunal se retirou para uma sessão privada, durante alguns minutos, para que o defensor de Hadzig fizesse uma pergunta. Quanto retomou os trabalhos, o juiz suspendeu a audiência.

Autoridades da segurança da Sérvia prenderam Hadzic em uma localidade 65 quilômetros a norte de Belgrado, na semana passada. Ele teve permissão de receber uma visita da família antes de ser transferido na sexta-feira para Haia.

Poucos sérvios lamentaram a partida de Hadzic, ao contrário da reação pública à prisão de Mladic, em maio, e do chefe político dos bósnios sérvios durante a guerra, Radovan Karadzic, três anos atrás.

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