Terroristas houthis durante manifestação de apoio ao Hezbollah na sexta-feira (4) no Iêmen| Foto: EFE/EPA/YAHYA ARHAB
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Há um ano, em 7 de outubro de 2023, o grupo terrorista Hamas promoveu o maior episódio de violência contra judeus desde o Holocausto, ao matar cerca de 1,2 mil pessoas em Israel e sequestrar outras 250.

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Após trocas por prisioneiros palestinos que estavam em prisões de Israel e resgates de pessoas vivas e de corpos, cerca de cem reféns permanecem na Faixa de Gaza. A inteligência israelense acredita que grande parte deles esteja morta.

Os atentados de outubro de 2023 desencadearam a atual guerra no Oriente Médio, a princípio em Gaza e que posteriormente teve abertas outras frentes na Cisjordânia e no Líbano (onde Israel enfrenta outro grupo terrorista, o Hezbollah), com o Irã podendo ser a quarta, após o ataque com mísseis de Teerã a Israel na última terça-feira (1º).

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No palco inicial da guerra, apesar de o Hamas estar praticamente desmantelado, a perspectiva de paz segue distante. Mediações realizadas por Estados Unidos, Egito e Catar seguem ser oferecer resultados.

“Em seu discurso na ONU, [o premiê de Israel, Benjamin] Netanyahu afirmou que 23 das 24 brigadas do Hamas já haviam sido destruídas, os trechos mais importantes dos túneis construídos pelos terroristas já haviam sido destruídos, 90% do seu arsenal de mísseis também já teria sido destruído, o que demonstra que o grupo tem pouca capacidade de continuar o conflito”, destacou Fernanda Brandão, coordenadora de Relações Internacionais da Faculdade Mackenzie Rio, em entrevista à Gazeta do Povo.

“Porém, Netanyahu afirma que o Hamas continua exercendo algum controle sobre a região ao confiscar a ajuda humanitária que está sendo enviada e vender a preços mais altos para a população local. Nesse cenário, é provável que a guerra ali continue até que a última brigada do Hamas seja destruída e seja garantido que o Hamas não exerça nenhum tipo de controle sobre a Faixa de Gaza”, afirmou a analista.

Brandão ressaltou a ênfase de Netanyahu na afirmação de que o Hamas tem que sumir (“Hamas has to go”), “senão o grupo se reagruparia e se rearmaria e voltaria a se tornar uma ameaça a Israel”, e que a única possiblidade que o premiê admite para um cessar-fogo é “o Hamas baixar as armas, se render e libertar os reféns”.

“O discurso do primeiro-ministro israelense mostra que não há muita margem para negociação do lado israelense. O Hamas também não tem dado indicações de que tenha interesse em negociar um cessar-fogo e o retorno dos reféns”, acrescentou.

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Líbano e Irã, os novos focos da guerra

Os incidentes das últimas semanas mudaram totalmente o foco da guerra que agora completa um ano e realçaram os temores de que o cenário escale para um conflito regional. O primeiro palco que desviou a atenção de Gaza foi o Líbano.

O Hezbollah realiza bombardeios contra o norte de Israel desde o início da guerra em Gaza, em “solidariedade” aos palestinos. Os israelenses responderam na mesma moeda, mas nas últimas semanas intensificaram as ações contra o grupo xiita libanês com o objetivo de permitir o retorno de famílias deslocadas no norte de Israel.

Primeiro, ocorreram as surpreendentes explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah no Líbano, que mataram cerca de 30 pessoas (ação cuja autoria Israel não admitiu). Depois, veio uma série de ataques contra lideranças importantes do grupo terrorista, com o ápice sendo a morte do líder Hassan Nasrallah, num ataque israelense em Beirute em 27 de setembro.

Essa morte e uma ofensiva terrestre de Israel no sul do Líbano foram os pretextos para um ataque do Irã, apoiador do Hezbollah, com pelo menos 200 mísseis a várias regiões de Israel na terça-feira, numa ofensiva que Teerã apontou ter visado alvos militares e de segurança.

As forças israelenses disseram que a maioria dos projéteis foi interceptada, mas uma pessoa foi morta na Cisjordânia e duas ficaram feridas em Tel Aviv em decorrência do ataque. Israel prometeu uma resposta “dolorosa”, mas ainda se especula como e onde ela ocorreria.

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“O envolvimento cada vez mais direto do Irã, ao invés de apenas patrocinar a atuação de grupos terroristas como o Hamas, o Hezbollah e os houthis [no Iêmen], aumenta a probabilidade da escalada do conflito entre os dois países. Importante lembrar que Israel possui armas nucleares e há suspeitas de que o Irã possa tê-las também”, afirmou Brandão.

“Ao mesmo tempo, outros importantes atores regionais e extrarregionais, como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes e os Estados Unidos, sofrerão cada vez mais pressão por um posicionamento mais claro e uma atuação mais efetiva. A escalada do conflito, contudo, vai depender também da continuidade de recebimento de apoio por ambas as partes por agentes externos”, disse a analista.

Se antes dos desdobramentos das últimas semanas Israel vinha sofrendo pressão crescente de aliados a respeito da ofensiva em Gaza, com o Canadá e o Reino Unido suspendendo envios de armas, o que os Estados Unidos também fizeram pontualmente com um carregamento de armas ofensivas em maio, agora há incerteza se aliados dos israelenses manterão essa postura diante do novo momento da guerra, ponderou Brandão.

“Com o maior envolvimento do Irã, há questionamentos se esses países realmente suspenderiam a ajuda a Israel”, afirmou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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