Um dos principais cardeais da Igreja Católica Romana apoiou o uso limitado de preservativos na luta contra a Aids. As declarações de Carlo Maria Martini contrariam a orientação da Igreja, que bane o uso de camisinhas alegando que são uma forma de contracepção artificial. O cardeal Martini foi um dos mais cotados para suceder a João Paulo II.
- Certamente o uso de preservativos em determinadas situações constitui um mal menor - disse o ex-arcebispo de Milão e líder da ala moderada da Igreja ao jornal italiano "L'Espresso".
O religioso citou o caso de casais em que um dos cônjugues tem Aids:
- Essa pessoa tem a obrigação de proteger o parceiro e este deve poder se proteger.
O Vaticano não fez qualquer comentário oficial sobre a entrevista, na qual Martini também levanta a possibilidade de mães solteiras adotarem crianças.
A Igreja Católica defende que a fidelidade no casamento, a castidade e a abstinência são as melhores maneiras de evitar a disseminação do vírus HIV. O Papa Bento XVI evita este assunto, dizendo apenas que se sente próximo às vítimas da doença e que encoraja os esforços para se encontrar uma cura.
No conclave que há um ano escolheu Joseph Ratzinger como Papa Bento XVI, Martini era o líder da ala progressista, mas, adoentado aos 78 anos, não era uma opção viável. Ainda assim, chegou a receber nove votos.
Recentemente, outros dois cardeais, o belga Godfried Danneels e o mexicano Javier Lozano Barragán, fizeram declarações parecidas sobre os preservativos.
Na entrevista ao cientista e especialista em bioética Ignazio Marino, publicada nesta sexta-feira, Martini também falou sobre assuntos como células-tronco e fecundação assistida.