Republicanos se engalfinham para ganhar a indicação do partido e, com ela, a chance de disputar a Presidência dos Estados Unidos em 2012 contra a reeleição de Barack Obama. Por enquanto, são nove pré-candidatos eram dez, mas Herman Cain desistiu na semana passada, pressionado por acusações de assédio sexual.
A julgar por pesquisas de opinião e pela postura dos democratas que se ocupam da campanha de Obama, sete dos nove republicanos são insignificantes. Quem interessa de fato é Mitt Romney e Newt Gingrich.
Uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times na última quinta-feira informa que a equipe democrata, antes preocupada com Romney, agora presta atenção em Gingrich, que se beneficiou da saída de Cain e ganha cada vez mais terreno.
Gingrich tem o apoio de integrantes do Tea Party, a ala mais reacionária do Partido Republicano, além de parecer simpático para a classe média americana, duas qualidades que o tornam mais forte que Romney.
No domingo passado, Romney saiu na capa da revista do New York Times e ganhou um perfil longo que procura explicar como ele consegue se manter no jogo contra vários prognósticos.
Para o professor Mássimo della Justina, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), "vai ser difícil ganhar do Obama". A vantagem de Mitt Romney, segundo o analista, é um certo dinamismo ele fez fortuna comprando e vendendo empresas , além de ter apelo com os eleitores do centro, que não se identificam nem com os republicanos nem com os democratas mais radicais.
Della Justina define Gingrich, no outro canto do ringue, como um homem "moderno", ao menos no que diz respeito a matrimônios.
Na função de presidente da Câmara dos Representantes, Gingrich tomou a frente nos processos relacionados ao pedido de impeachment do então presidente Bill Clinton. Na mesma época em que pedia a cabeça de Clinton por causa de mentiras que tentaram acobertar as estripulias extraconjugais do mandatário, o próprio Gingrich estava tendo um caso com uma funcionária da Câmara, chamada Callista Bisek, sua atual (e terceira) mulher.
"Romney é muito parecido com Obama", diz Della Justina. Para complicar ainda mais, o professor afirma que, "durante a gestão de uma crise, os partidos têm pouco espaço para oferecer projetos próprios. Eles têm de lidar com a crise".
A maior dificuldade à espera o republicano que vencer as primárias do partido que começam no dia 3 de janeiro, no estado de Iowa é o carisma de Obama. "Ele ainda fala bem e as pessoas sabem quem ele é", diz o professor.
Apesar dos problemas econômicos, há algumas conquistas que dão crédito ao atual presidente: a morte de Osama bin Laden, a saída das tropas americanas do Iraque e mesmo o fim de Muamar Kadafi. "Há também a regulamentação do setor financeiro", diz Della Justina. Contra Obama, pesam os gastos do governo, que aumentam o déficit público.
Professora de Geopolítica do Grupo Dom Bosco, Luciana Worms diz que os eleitores se concentram nas diferenças entre democratas e republicanos, embora os discursos dos partidos sejam parecidos. "Todos são liberais, mas os eleitores acabam se apegando a questões como: Quem é a favor da venda de armas? ou Quem é contra o casamento gay? na hora da votar", explica Luciana.
Na opinião dela, uma questão é clara em relação aos EUA: "Quando a coisa está ruim, eles trocam de presidente. E os eleitores estão mais preocupados com o dinheiro na conta corrente [do que com qualquer outra coisa]".