Estima-se que um milhão de pessoas tenham sido afetadas pelo violento conflito no Quirguistão e precisam de alimentos e outros suprimentos, disseram funcionários da Organização das Nações Unidas nessa sexta-feira.
Isso inclui cerca de 400 mil pessoas que ficaram desabrigadas depois de fugir dos confrontos étnicos, que começaram há uma semana, nas cidades de Osh e Jalalabad. Em torno de 300 mil pessoas foram deslocadas dentro do Quirguistão e outras 100 mil se deslocaram para o Uzbequistão.
"No momento, estimamos que provavelmente teremos que atender às necessidades de mais de um milhão de pessoas, entre deslocadas, refugiadas e as que estão alojadas com parentes e amigos, que foram afetadas pelo conflito", disse a porta-voz da Unicef, Christiane Berthiaume, durante uma entrevista coletiva.
"Isso é uma estimativa inicial, que poderá mudar", disse.
Um financiamento de emergência da ONU, que deve ser liberado até o final do dia, em Nova Iorque, deverá disponibilizar mais de US$ 65 milhões para atender 1,1 milhão de pessoas no Quirguistão por seis meses, de acordo com fontes da ONU. Um outro pedido de financiamento para o Uzbequistão deverá ser feito em breve.
O conflito teve "consequências humanitárias graves e prementes" no Quirguistão, inclusive para famílias de acolhimento, que abrigaram em suas casas pessoas que tiveram que deixar seus lares, eles disseram.
Pelo menos 191 pessoas foram mortas desde 10 de junho, no sul do Quirguistão, em conflitos entre Uzbequistão e Quirguistão, mas a líder interina do Quirguistão, Roza Otunbayeva, disse em uma entrevista a um jornal russo nesta sexta-feira, que esse número pode ser dez vezes maior.
Agências de refugiados da ONU planejam enviar no sábado, um carregamento aéreo com tendas e outros suprimentos de emergência, para o Quirguistão - uma antiga república da União Soviética, com uma população de 5,3 milhões.
Muitas das 300 mil pessoas deslocadas internamente no Quirguistão foram acolhidas por familiares e comunidades de acolhimento, mas 40 mil precisam de abrigo imediato, de acordo com o UNHCR - Alto Comissariado da ONU para Refugiados.
"A situação no sul do Quirguistão permanece frágil e tensa. Existem relatos esporádicos de que a violência continua", disse o porta-voz da UNHCR, Andrej Mahecic, aos repórteres em Genebra.
"O acesso das equipes humanitárias a diversas partes de Osh e do sul do Quirguistão é extremamente difícil e limitado."
O Programa Mundial de Alimentos da ONU disse que já estava distribuindo 150 toneladas de comida no Quirguistão e que esperava enviar 80 toneladas de biscoitos energéticos.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que tinha relatos de tiroteios durante a noite em Osh, onde pretendia começar a distribuição de alimentos nesta sexta-feira.
Há grande escassez de itens básicos no sul do Quirguistão, de acordo com a agência humanitária.