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O presidente francês Nicolas Sarkozy observa estragos do terremoto de janeiro em Porto Príncipe: versão ficcional do caos busca educar população | Francois Mori/Reuters
O presidente francês Nicolas Sarkozy observa estragos do terremoto de janeiro em Porto Príncipe: versão ficcional do caos busca educar população| Foto: Francois Mori/Reuters

A água turva aumenta debaixo da tenda e forma poças ao redor das luzes do estúdio de filmagem. Os atores, sentados em uma falsa mesa de cozinha, levantam os pés para evitar se molharem.

Este é o funcionamento de uma cena da nova telenovela filmada nos campos de refugiados do Haiti para as centenas de mi­­lhares de pessoas que sobrevivem nesses locais. O episódio da série Abaixo do Céu fala sobre como re­­forçar casebres e abrigos com a chegada da estação das chuvas.

As coisas, contudo, se tornaram demasiado realistas.

Depois de uma hora de cada vez mais água e de vários apagões, a filmagem foi interrompida du­­rante o dia.

Esse é um dos perigos de filmar episódios em um dos campos de refugiados mais propensos a so­­frer inundações nas cercanias de Porto Príncipe.

Apesar disso, o diretor haitiano-norte-americano Jacques Roc disse que esta é a única forma de assegurar que a mensagem da série de televisão vai repercutir entre as milhares de pessoas para as quais as inundações e a insegurança fazem parte de sua vida diária.

"Ocorrem muitas coisas nos campos de refugiados agora, e quando uma pessoa permanece num deles aprende muito sobre o local", disse Roc. "Eles vão se ajustar a este tipo de comportamento e isso é o que tentamos mostrar para as pessoas."

Abaixo do Céu conta a história de uma família de cinco pessoas que, como outras 1,5 milhão perdeu sua casa, foi para campos para re­­fugiados e hoje em dia fazem parte da paisagem da capital haitiana.

Combinando comédia, drama e mensagens educativas, a sé­­­­rie traz atores conhecidos no país, como Junior Metellus, de 35 anos, que já participou de outros projetos do diretor. Metellus in­­terpreta Akim, genro do patriarca Jean-Jo.

Os roteiristas desenvolvem a história à medida em que filmam, de forma que nem o sobrenome de Jean-Jo nem detalhes sobre sua vida antes do terremoto foram ainda revelados.

Classe média

O principal objetivo dos criadores da série é estabelecer um ambiente de classe média para a família – com roupa apropriada, os li­­vros e os móveis – para mostrar como o desastre de 12 de janeiro afetou todas as camadas da sociedade.

Cada episódio de 15 minutos enfoca um tema determinado pelos capacetes azuis da Or­­ga­­nização das Nações Unidas (ONU), que tiveram a ideia de criar uma telenovela e a filmam a um custo de US$ 6 mil por episódio.

A telenovela é mostrada em telas gigantes ao ar livre em mais de uma dezena de campos de refugiados, mas também pode ser vistas em seis redes de televisão haitianas.

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