Um estudo do Banco Africano de Desenvolvimento aponta que um em cada três africanos faz parte da classe média. Apesar de otimista, a avaliação mostra sinais alarmantes: dos 34% que conseguiram escapar da linha da pobreza, cerca de 20% ainda vivem com até US$ 4 por dia (cerca de R$ 6,50). Em busca de justiça social, essa nova parcela da sociedade é a maior responsável pelas revoluções populares.

CARREGANDO :)

Em três décadas, a classe média africana triplicou, passou de 111 milhões para 310 milhões. As conquistas, porém, são frágeis e estão longe de ser consolidadas. Segundo o relatório, os avanços são sustentados pela alta nos preços das matérias-primas mais acesso à informação (principalmente a celulares e a internet) e pela forte migração da população rural para as cidades.

"A classe média impulsiona o dinamismo da economia, aumenta o consumo e está mais integrada no sistema financeiro. É um grupo com mais instrução, que tem mais consciência das desigualdades, como o desemprego. Esse grupo é crucial, já que exige seus direitos e catalisa mudanças democráticas, como as que ocorreram no Egito e na Tunísia, países com as maiores classes médias do continente", disse Mthuli Ncube, vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento.

Publicidade

A análise divide a classe média em três grupos: alta (vive com até US$ 20 por dia), baixa (entre US$ 4 e US$ 10) e a oscilante (entre US$ 2 e US$4), com mais risco de voltar à linha da pobreza. O valor é extremamente baixo se comparado com a classe média no Brasil, por exemplo. Ncube justifica que esse grupo oscilante tem mais oportunidades em comparação com os que estão abaixo da linha da pobreza (mais de 60% do continente).

A grande maioria da população africana ainda vive na miséria absoluta. Pelo menos 16% vive com menos de US$ 2 por dia e 44% (mais de 180 milhões de pessoas) sobrevive com menos de US$ 1,25 (cerca de R$ 2 por dia). A Libéria lidera o ranking da pobreza (86%). Em seguida, aparecem Tanzânia (82,4%), Burundi (81,3%) e Ruanda (74,4%). Sem garantias de segurança para realizar a pesquisa, Sudão, Líbia e Somália ficaram de fora do relatório.