O historiador e estudioso da região polar David M. Wilson tomava uma bebida em um mercado de arte alguns anos atrás quando um colecionador desconhecido aproximou-se. Segundo Wilson, ele disse: "Você não vai adivinhar o que eu tenho em minha coleção".
O colecionador era Richard Kossow, o homem que, em 2001, adquiriu um portfólio de fotografias da Antártida do início do século 20. Contudo, não eram fotos comuns da Antártida. As imagens eram da expedição de Robert Falcon Scott (1868-1912) que durou de 1910 a 1913 e na qual ele e vários homens incluindo o tio-avô de Wilson, Edward Wilson morreram ao regressar.
Além disso, não eram registros de uma expedição quaisquer, contou Kossow. Eram fotos tiradas pelo próprio Scott. "Eu quase engasguei com o gim-tônica", lembra Wilson.
Durante muito tempo, o paradeiro da maioria das fotos do explorador britânico tiradas nas proximidades do local de invernagem na ilha Ross e no caminho em direção ao polo fora um mistério. Apenas uma ou duas dezenas haviam sido publicadas, e muitas delas foram atribuídas a outras pessoas de forma indevida.
As fotos não publicadas aparentemente permaneceram por décadas em um arquivo comercial.
Agora, às vésperas do centenário da morte de Scott (março de 2012), Wilson publicou todas as imagens no livro The Lost Photographs of Captain Scott ("As Fotografias Perdidas do Capitão Scott", em tradução livre), juntamente com descrições detalhadas do local e do momento em que foram tiradas, da melhor maneira que foi possível ao autor determinar.
Referência
Scott contratou Herbert Ponting (1870-1935), conhecido fotógrafo profissional de viagens. As fotografias dele estão entre as mais celebradas da história da exploração polar.
Nunca se esperou que Ponting realizasse a árdua viagem da ilha Ross ao polo com trenós, pôneis e cachorros. Em vez disso, ele ministrou um curso intensivo de fotografia a Scott e outras pessoas, ensinando-os a usar câmeras volumosas, lentes e filtros, e a tirar fotos com adequada exposição à luz em condições extremas.
A curva de aprendizagem foi bastante acentuada depois dos estágios iniciais, a capacidade de reter informação diminuiu muito , mas Scott tornou-se um dos melhores alunos de Ponting.
Muitos de seus fotógrafos provêm dessas sessões de treinamento.
Sophie Gordon está montando uma exposição de trabalhos de Ponting como curadora sênior da coleção real do Castelo Windsor e Frank Hurley, fotógrafo de uma época mais recente da Artártida, afirmou que Scott aprendeu bem com o professor.
"Ele realmente usou de sensibilidade artística", afirma Gordon. "As suas melhores fotos parecem com as de Ponting", afirma.