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Ártico

Uma guerra fria está emergindo no Ártico. E os EUA estão ficando para trás

destróier de mísseis guiados da classe Arleigh Burke USS John Finn (DDG 113) transita pelo Golfo do Alasca
Destróier de mísseis guiados da classe Arleigh Burke USS John Finn transita pelo Golfo do Alasca. (Foto: U.S. Navy/Anthony J. Rivera)

As mudanças climáticas estão apresentando novos desafios geopolíticos para as grandes potências mundiais no Ártico, onde o derretimento de geleiras está abrindo novas oportunidade para rotas comerciais e de acessibilidade a recursos naturais que lá estão. Com interesses econômicos e militares em jogo, a região pode ser mais um ponto de conflito entre Estados Unidos e Rússia e China.

Recentemente, em entrevista à Reuters, o secretário do Estado dos EUA, Mike Pompeo, reconheceu que há "um padrão agressivo no comportamento da Rússia no Ártico" e expressou preocupação com a crescente influência militar do país na região. As autoridades russas, entretanto, suspeitam do aumento da atividade da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Ártico. Em abril, o presidente Vladimir Putin se queixou de que “a Otan realizou os maiores exercícios na região” e que a atividade de aviação da Rússia na zona do Mar Báltico, no Ártico, é de magnitude inferior à atividade dos países da aliança.

A nova intensidade da disputa sobre o Ártico deriva do aumento da taxa de derretimento do gelo marinho, que criou novas rotas de comércio na região e aumentou a acessibilidade aos vastos recursos que ela contém. Vários estudos mostraram que o Ártico "engloba cerca de 6% da superfície da Terra e estima-se que 22% dos recursos fósseis não descobertos do mundo", segundo um estudo de dois pesquisadores da Webster Vienna Private University.

Além disso, estima-se que cerca de “90 bilhões de barris de petróleo e 1.670 trilhões de pés cúbicos de gás natural estejam localizados sob as disputadas águas internacionais da região”. Esses fatores têm o potencial de mudar “a paisagem geopolítica regional” entre a Rússia e os Estados Unidos, enquanto cada um se esforça para obter a hegemonia do Ártico.

Estratégia americana

Em junho, o Departamento de Defesa divulgou sua estratégia para a região, uma atualização do relatório de 2016. O documento identifica o desejo dos EUA por “uma região segura e estável na qual os interesses de segurança nacional dos EUA sejam salvaguardados, a pátria dos EUA seja defendida e nações trabalhem cooperativamente para enfrentar desafios compartilhados”.

O relatório também expressa preocupações específicas sobre a Rota Marítima do Norte, que parece ser uma das principais fontes das tensões regionais entre a Rússia e os EUA. O caminho, que fica nas águas árticas ao largo da costa norte da Rússia, é a passagem marítima mais rápida que liga a Ásia Oriental à parte europeia da Federação Russa. "Na rota do Mar do Norte, Moscou já exige ilegalmente que outras nações solicitem permissão para passar, exige que pilotos marítimos estejam a bordo de navios estrangeiros e ameaça usar a força militar para afundar qualquer um que não cumpra", disse Pompeo à Reuters.

Por que a rota é o foco do conflito em formação?

A Rússia tem um interesse óbvio em controlar o acesso ao Ártico. Segundo o Instituto de Varsóvia, a região é vital para a política energética do país e representa 30% do seu PIB. "Acho que os russos têm uma grande estratégia, tendo a ver com a Rota do Mar do Norte", diz Timothy J. Colton, presidente do Departamento de Governo da Universidade de Harvard.

O relatório do Departamento de Defesa americano especifica que os EUA querem que a região permaneça segura e estável. No longo prazo, isso pode ser difícil, já que há motivos para desconfiança mútua. Os esforços russos para controlar a Rota do Mar do Norte poderiam facilmente levar os EUA a aumentar suas forças e a Rússia a reagir do mesmo modo, desencadeando uma corrida armamentista, na qual culparão uns aos outros.

Estratégia da Rússia

A Rússia se vê como o poder proeminente do Ártico. Já é o maior país da região por massa terrestre e população, e seus investimentos comerciais e militares produziram um belo retorno; Se os Estados Unidos quiserem competir pela supremacia ártica com a Rússia, precisarão dedicar mais recursos às operações na área. Como um especialista na região do Ártico afirmou, “para controlar o Ártico, você precisa ter uma frota quebra-gelo”. Atualmente, enquanto a Rússia tem 40 quebra-gelos - incluindo alguns que são nucleares - os EUA têm o pesado quebra-gelo Polar76 e o ​​USCGC Healey (WAGB-20), que estreou em 2000. Esta é uma discrepância significativa e o déficit não será compensado tão cedo. O Congresso aprovou recentemente financiamento para construir seis novos quebra-gelos até 2026.

A política oficial da Rússia é “expandir a base de recursos do Ártico”. O Kremlin vê a região como uma potencial “base de recursos estratégicos nacionais capazes de cumprir as tarefas socioeconômicas associadas ao crescimento nacional”. À medida que o mundo se adapta e evolui aos efeitos das alterações climáticas, a concorrência pelos recursos do Ártico se intensificará. Dada a massa de território ártico nativo da Rússia e o déficit da frota americana, os EUA já estão ficando para trás.

© 2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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