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O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou nesta segunda-feira (15) uma tentativa de "golpe de Estado civil e dos estados", e afirmou que a reunião de presidentes sul-americanos convocada pela chefe de Estado do Chile, Michelle Bachelet, será importante para a unidade da América do Sul e do seu país. Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner; da Colômbia, Alvaro Uribe; da Venezuela, Hugo Chávez; do Equador, Rafael Correa; do Uruguai, Tabaré Vázquez; e do Paraguai, Fernando Lugo, já se encontram em Santiago, onde tentam encontrar soluções para evitar o colapso da Bolívia. A trégua entre Morales e a oposição, fechada na madrugada desta segunda-feira, será estendida até a noite, quando o presidente voltará de Santiago e as frágeis negociações serão retomadas. Os governadores bolivianos de oposição não estão presentes ao encontro da Unasul.

O chanceler do Chile, Alejandro Foxley, adiantou mais cedo que "o ponto básico a ser proposto hoje é a instalação de uma mesa de diálogo" na Bolívia, que possa ser acompanhada pela União das Nações Sul-americanas (Unasul) e pelo Organização dos Estados Americanos (OEA).

"Não podemos ficar impassíveis em frente a uma situação que está preocupando a todos nós", disse a presidente do Chile.

Lula, que é visto como um mediador chave na crise, disse que o encontro será efetivo apenas se as propostas tanto do governo boliviano quanto da oposição forem representadas.

Já Chávez, aliado próximo de Morales, disse que a cúpula será um "encontro extraordinário".

Morales foi o segundo presidente a chegar a Santiago para participar do encontro de líderes da Unasul, que começou na tarde desta segunda-feira no Palácio de la Moneda. O primeiro foi o presidente do Paraguai.

Ainda no Aeroporto Internacional de Santiago, Morales agradeceu a convocação da reunião e as "distintas manifestações dos presidentes sul-americanos a favor da unidade do meu país, a Bolívia".

"Eu vim aqui para explicar aos presidentes da América do Sul sobre um golpe de Estado civil e estadual de alguns departamentos (estados), gestado nos últimos dias, com a tomada de instituições, saques, roubos a instituições do Estado, tentativa de assalto contra a polícia nacional, às forças armadas, ações terroristas que tentaram cortar os gasodutos, mas principalmente como alguns grupos exercitaram os delitos de lesa humanidade", disse Morales.

Segundo ele, a cúpula da Unasul servirá "para defender a democracia não apenas na Bolívia mas também em todos os países da América do Sul, da América Latina e do mundo. Somos democráticos mas também existem grupos que defendem a divisão da Bolívia", disse ele.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, chegou hoje cedo à Santiago e declarou que "a situação se agravou de verdade na Bolívia e chegamos a um ponto onde ou as hostilidades cessam imediatamente e se passa à negociação, ou a situação será irreversível. Por isso, é importante que sejam tomadas decisões"

Insulza esclareceu que "é importante que todo mundo saiba que os organismos internacionais não estão em condições de intervir e dizer aos países o que eles precisam fazer. A decisão e os acordos precisam ser internos. Mas as organizações internacionais podem manifestar sua opinião e dar seu apoio e isso tem o seu papel", disse Insulza.

Bachelet convocou a reunião da Unasul porque o novo organismo, criado em maio, não pode permanecer "impassível" ante a onda de violência na Bolívia.

Foxley disse que a Unasul e Insulza poderão levar à Bolívia a idéia da mesa de diálogo e "conversar com todos os setores que hoje em dia têm uma discussão, para que seja estabelecido um calendário para voltar à normalidade, acabar com a violência e tornar a negociação um elemento permanente nas próximas etapas de desenvolvimento da democracia boliviana".

Ordem de prisão

A promotoria da Bolívia informou nesta segunda-feira que pediu a prisão do governador de Pando, Leopoldo Fernández, um dos líderes da oposição a Evo. O anúncio foi feito pelo promotor-geral Mario Uribe, segundo o qual Fernández será processado por suposto "delito de genocídio em sua forma de massacre sangrento".

Ainda segundo o promotor, serão investigadas outras duas autoridades de Pando. Ele não quis identificar esses suspeitos.

O general Walter Panozo, chefe do Exército em Pando, disse que 10 pessoas foram detidas por suposta participação na violência, e também foi apreendido armamento. Na quinta-feira houve sérios confrontos nesse departamento. No total, pelo menos 30 pessoas morreram no país por causa da violência. As informações são da Associated Press.

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