
Crítica
Mercosul enfrenta crise e precisa ser flexível, diz Mujica
Agência Estado
O presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, afirmou que o Mercosul vive uma crise institucional e terá de ser mais flexível para superá-la. "É preciso fazer um balanço da realidade: aquele Mercosul dos anos 90, nascido em pleno neoliberalismo, mudou. Hoje temos uma crise institucional e será preciso fazer mudanças na ordem da flexibilidade", afirmou ele em entrevista ao jornal uruguaio La República, publicada na edição de ontem.
Mujica defendeu maior diversificação do comércio e uma construção "diplomática e política da maior quantidade possível de acordos para dar flexibilidade ao Mercosul". O presidente voltou a queixar-se das barreiras argentinas e insistiu na necessidade do Uruguai de abrir-se a novos mercados e sócios. "O processo no qual se encontra a Argentina pode nos afetar no futuro", afirmou. "Isso mostra que não se pode colocar todos os ovos em um só cesto", acrescentou.
O líder uruguaio disse que a entrada da Venezuela como sócio pleno do Mercosul é um fator de flexibilidade.
A suspensão do Paraguai dentro da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) foi reafirmada ontem, após um encontro dos líderes dos países que integram o grupo, em Lima, no Peru, segundo informações da Agência Brasil. A nação teve os direitos políticos dentro do Unasul e também do Mercosul suspensos no dia 29 de junho, durante cúpula dos governantes em Mendoza, na Argentina.
A decisão foi uma resposta à deposição do ex-presidente Fernando Lugo do poder pelo parlamento paraguaio, ato que foi visto como antidemocrático. A atual situação do país levanta dúvidas sobre o futuro nos blocos. O atual chefe de estado, Federico Franco, chegou a anunciar que, "se a Unasul nos expulsar, para mim seria um ganho".
Para a professora Larissa Ramina, do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), as declarações do atual presidente são "discursos internos". "O Paraguai depende muito das relações econômicas do Mercosul e dos acordos da Unasul. Eles nem têm saída para o mar. Acredito que a fala [de Franco] é uma tentativa de legitimar o golpe de estado que o levou ao poder", diz.
Apesar de identificar a legitimidade do novo governo, Larissa não acredita que a população apoie as declarações do presidente. "Os empresários não vão se interessar em sair do Mercosul, pois muito do desenvolvimento da economia paraguaia vem de acordos econômicos de lá. Isso é ameaçado se o país deixar o bloco", afirma.
"A crise no Paraguai é uma situação doméstica que teve uma repercussão desmedida, por parte da Unasul", observa Ludmila Culpi, professora de relações internacionais do Centro Universitário Uninter. "Mas isso não significa que Franco realmente vai sair do bloco. Seu país é fraco e tem poucas possibilidades de encontrar parceiros como os da América do Sul".
Ludmila diz que não se surpreendeu com a decisão dos líderes da Unasul, pois a rápida deposição de Lugo provocou um "abalo temporário" na credibilidade política paraguaia.
Juridicamente, no entanto, o país ainda faz parte dos dois blocos. E vai continuar assim até as próximas eleições presidenciais, como foi decidido em Mendoza.
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