A Missão da União Africana na Somália (AMISOM) anunciou nesta sexta-feira (28) que suas tropas tomaram o controle da cidade litorânea meridional de Kismayo, um reconhecido reduto dos radicais islâmicos do Al Shabab, que, por sua parte, negam ter perdido dessa região.
"As tropas da AMISOM entraram com sucesso hoje em Kismayo", afirmou o comandante do contingente da União Africana, Andrew Gutti, em comunicado.
Além disso, Gutti indicou que mais reforços "estão a caminho" da cidade portuária somali. "Temos uma parte da cidade e um lance da praia. Estamos atacando as posições do Al Shabab e, certamente, as eliminaremos", declarou à Agência Efe o porta-voz da AMISOM Ali Adan Houmed.
Najmo Osman Yusuf, qaue é morador de Kismayo, relatou que "há fortes confrontos na cidade".
"As tropas quenianas e os somalis estão na praia. Ouço os barulhos de explosões vindo da cidade. As pessoas estão todas em suas casas", completou Yusuf.
Apesar das declarações da AMISOM, o Al Shabab informou através de sua conta no Twitter que "Kismayo permanece com firmeza nas mãos dos mujahedins".
Mensagens posteriores dos milicianos relatavam confrontos entre os radicais e as tropas do Quênia (aliadas à AMISOM e desdobradas no sul da Somália), nos quais os militares quenianos teriam perdido vários veículos.
Também no Twitter, o Exército do Quênia respondeu que seus soldados estão "varrendo" o Al Shabab em Kismayo.
"O que a imprensa infiel está dizendo são tolices. Estamos em Kismayo e nossas defesas estão fora da cidade", exaltou um combatente da milícia radical, que pediu para manter seu anonimato.
No meio desta ofensiva - na qual também participa o Exército da Somália e a milícia pro-governamental Ras Kamboni -, a AMISOM reiterou, através de um comunicado, a oferta de anistia aos guerrilheiros do Al Shabab.
"Pedimos a todos os combatentes que fiquem em Kismayo para entregar suas armas. Nas últimas semanas, muitos deles estão entrando em contato com a AMISOM para comunicar seu desejo de deixar de combater. Vamos garantir segurança se os mesmos se renderem pacificamente", prometeu a missão da União Africana.
No texto, a AMISOM faz "uma chamada para que todas as pessoas de Kismayo permaneçam em calma", já que "o objetivo da missão é libertar o povo e permitir que eles vivam em paz, estabilidade e segurança".
A importância da tomada do reduto fundamentalista de Kismayo reside em seu porto, que gerou grandes lucros para os radicais com as exportações de carvão vegetal, entre outros bens, e que também é ponto de entrada de armamento para Al Shabab.
No entanto, a tomada dessa região não significa o fim da guerra na Somália, já que os radicais ainda controlam amplas áreas do centro e do sul do país, onde o frágil Governo somali ainda não está em condições de impor sua autoridade.
O Parlamento somali elegeu no último dia 10 seu novo presidente para os próximos quatro anos, Hassan Sheikh Mohamud, e concluiu o processo de transição política no país africano, o qual foi iniciado em 2004 sob supervisão da ONU, embora a Somália permaneça imersa em um conflito armado.
Neste, as tropas multinacionais de AMISOM, o Exército somali, as Forças Armadas etíopes e as milícias pró-governamentais aliadas combatem o Al Shabab, que, por sua vez, anunciou sua união formal à rede terrorista Al Qaeda em fevereiro para instaurar um Estado muçulmano de corte wahhabista no país africano.