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Ao mesmo tempo em que a União Africana pediu “solução não militar” no Níger, líderes da Cedeao iniciaram em Gana encontro no qual intervenção será discutida
Ao mesmo tempo em que a União Africana pediu “solução não militar” no Níger, líderes da Cedeao iniciaram em Gana encontro no qual intervenção será discutida| Foto: EFE/EPA/CHRISTIAN THOMPSON

O Conselho de Paz e Segurança (PSC) da União Africana (UA) rejeitou uma intervenção militar para restabelecer a ordem constitucional no Níger, confirmou nesta quinta-feira (17) à Agência EFE uma fonte diplomática.

“O PSC decidiu por uma solução não militar e não punitiva para a crise no Níger” em uma controversa reunião realizada na segunda-feira em Adis Abeba, disse à EFE a citada fonte, que quis manter o anonimato.

É a primeira vez que a UA se opõe de maneira tão clara ao uso da força no Níger desde que a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) colocou sobre a mesa essa possibilidade no dia 30 de julho, durante uma reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo dos países do bloco.

“[O PSC] também instou a Cedeao a se comprometer construtivamente com iniciativas diplomáticas e encontrar uma solução não militar”, acrescentou o diplomata.

De acordo com essa fonte e seguindo o procedimento habitual nestes casos, o PSC concordou em suspender o Níger de todas as atividades da UA até que o restabelecimento da ordem constitucional no país.

Da mesma forma, a organização pan-africana decidiu criar um comitê 'ad hoc' no nível dos chefes de Estado dos países-membros e incluindo todos os blocos regionais para buscar esta solução através do diálogo.

“O comitê trabalhará para persuadir os líderes da junta do Níger a levá-los diplomaticamente e se comprometer com uma resolução pacífica da crise”, disse o diplomata.

Por outro lado, o PSC concordou em enviar uma “severa advertência” aos golpistas para “garantir a segurança do presidente detido [Mohamed Bazoum], sua família e membros do gabinete”, acrescentou.

Embora a Cedeao tenha garantido que continuará priorizando o diálogo, os líderes do bloco concordaram no dia 10 em “ativar” a “força de reserva” da organização.

Nesse sentido, os chefes militares dos países da Cedeao iniciaram hoje um encontro de dois dias na capital de Gana, Acra, para continuar analisando uma eventual intervenção militar no Níger, após uma primeira reunião no início de agosto.

Até agora, a junta militar nigerina ignorou as ameaças e, além de nomear um novo primeiro-ministro e formar um governo de transição, advertiu que o uso da força terá uma resposta “instantânea” e “enérgica”.

Possíveis ações militares têm dividido a região, onde os governos de Nigéria, Benin, Costa do Marfim e Senegal têm confirmado claramente a disponibilidade de seus exércitos para intervir em território nigerino.

No outro extremo, Mali e Burkina Faso, países vizinhos governados por juntas militares, se opõem ao uso da força e afirmam que qualquer intervenção no Níger equivaleria também a uma declaração de guerra contra eles.

Chade, Guiné, Argélia e Cabo Verde também rejeitaram a intervenção militar, defendendo o diálogo.

O golpe no Níger foi liderado em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), que anunciou a destituição do presidente e a suspensão da Constituição.

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