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Negociações

União Européia ameaça adiar negociação sobre acordo com a Rússia

O presidente francês Nicolas Sarkozy (2º dir.), o prêmie francês Bernard Kouchner (2º esq.), o chefe da polícia européia Javier Solana (esq.) e o presidente da comissão européia Jose Manuel Barroso (dir.) afirmaram que novo acordo de parceria com a Rússia não será firmado enquanto tropas não desocuparem totalmente a Géorgia | Yves Herman / Reuters
O presidente francês Nicolas Sarkozy (2º dir.), o prêmie francês Bernard Kouchner (2º esq.), o chefe da polícia européia Javier Solana (esq.) e o presidente da comissão européia Jose Manuel Barroso (dir.) afirmaram que novo acordo de parceria com a Rússia não será firmado enquanto tropas não desocuparem totalmente a Géorgia (Foto: Yves Herman / Reuters)

A União Européia decidiu nesta segunda-feira (1) adiar as negociações sobre um novo acordo de parceria com a Rússia, marcadas para este mês, caso até lá Moscou não tenha retirado suas tropas da Geórgia.

A decisão foi tomada numa cúpula de emergência em Bruxelas, depois de o chanceler Sergei Lavrov elogiar a ação militar na Ossétia do Sul e arredores como um marco na defesa dos interesses nacionais russos.

A UE tenta unificar o discurso de seus integrantes com a Rússia e fazer um alerta a Moscou, apesar de descartar sanções contra o seu principal fornecedor de energia.

"O retorno das esferas de influência não é aceitável. Yalta acabou", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a jornalistas, referindo-se à reunião de 1945 que moldou o mapa da Europa na Guerra Fria, ao definir as esferas de influência de EUA e URSS.

Sarkozy disse que irá no dia 8 com outros funcionários da UE a Moscou para discutir a adesão russa ao plano de paz francês para a Geórgia. Só então o bloco vai decidir se mantém as conversas marcadas para os dias 15 e 16 em Bruxelas.

"Vamos pedir à Rússia que aplique escrupulosamente o plano de seis itens", disse Sarkozy, sobre o acordo que suspendeu as hostilidades entre Rússia e Geórgia na guerra do mês passado.

O conflito ocorreu porque a Geórgia tentou retomar à força o controle da Ossétia do Sul, região separatista e etnicamente diversa que desde 1992 já gozava de autonomia sob proteção de Moscou. A Rússia reagiu ocupando não só a Ossétia como a Abkházia (região na mesma situação) e parte da Geórgia propriamente dita.

A declaração final da cúpula também condena a Rússia por ter reconhecido a independência das duas regiões separatistas georgianas, e pede aos demais países que não façam o mesmo.

O novo acordo UE-Rússia deve regulamentar as relações comerciais e energéticas. Houve 18 meses de debate interno na UE antes que o processo finalmente começasse, em julho.

Vladimir Chizhov, embaixador russo junto à UE, disse a jornalistas que estava frustrado com o resultado da cúpula, mas acrescentou: "Não precisamos dessas negociações ou deste novo acordo mais do que a UE precisa ... É mais uma auto-punição para a UE, porque não melhora sua credibilidade como parceira comercial".

O primeiro-ministro georgiano, Lado Gurgenidze, disse a jornalistas em Bruxelas que a UE adotou uma posição "firme e com princípios".

França, Alemanha e Itália consideravam prematura uma ação mais forte contra a Rússia, posição defendida por Grã-Bretanha e vários países ex-comunistas do Leste Europeu.

"Há políticos, também na Europa, que prefeririam conclusões vazias por causa das suas intensas relações bilaterais com a Rússia", queixou-se o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk.

"Estado responsável"

A Rússia já retirou a maior parte das suas tropas, mas mantém uma "zona-tampão" em território georgiano, em torno da Ossétia do Sul e Abkházia.

Antes da cúpula, o chanceler Lavrov disse que a intervenção militar estabeleceu um novo parâmetro na defesa dos interesses nacionais.

"A Rússia voltou ao cenário mundial como um Estado responsável, capaz de defender seus cidadãos", declarou ele, acrescentando que os Estados Unidos precisam "começar a se adaptar" a tal realidade.

Moscou diz ter agido para evitar um "genocídio" das forças georgianas contra a população de origem russa.

A Geórgia, ex-república soviética localizada numa estratégica rota para gasodutos e oleodutos, tem apoio incondicional do Ocidente, que exige respeito à sua integridade territorial.

Na segunda-feira, mais de 1 milhão de georgianos voltaram a protestar contra a Rússia nas ruas de Tbilisi. Muitos caminharam de braços dados, enquanto outros agitavam as bandeiras vermelhas e brancas do país.

Numa aparente iniciativa de conciliação, a Rússia sugeriu que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e a UE organizem uma presença policial internacional nas zonas-tampão entre a Geórgia e as regiões separatistas.

A UE pretende enviar algumas centenas de monitores civis à Geórgia. Nesta segunda-feira, os dirigentes presentes à cúpula prometeram também ajuda à reconstrução do país e uma maior aproximação, que pode incluir facilidades comerciais e de trânsito.

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