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Manifestantes exibem cartazes com mensagens contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, em frente à Embaixada da Síria em Ancara, na Turquia | Umit Bektas/Reuters
Manifestantes exibem cartazes com mensagens contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, em frente à Embaixada da Síria em Ancara, na Turquia| Foto: Umit Bektas/Reuters

Brasil

Itamaraty reage à repressão e morte de manifestantes

O Itamaraty divulgou nota ontem afirmando que recebeu com "indignação" a notícia da morte de centenas de pessoas na cidade de Hama, na região central da Síria, e afirmou que "insta" o país a dar continuidade ao diálogo com os opositores do regime sírio.

Segundo ativistas de direitos humanos, ao menos 140 pessoas foram mortas ontem por forças de segurança do regime do ditador Bashar Assad. "O governo brasileiro manifesta preocupação com o não cumprimento pela Síria de compromissos assumidos publicamente no tocante ao direito de manifestação e expressão e insta o governo sírio a dar seguimento ao processo de diálogo nacional e reforma política com sentido de urgência", diz trecho da nota.

Ao lado de países como África do Sul e Índia, o Brasil resiste a uma condenação mais dura à Síria, como defendem Estados Unidos e Grã-Bretanha. Diante das mortes ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu acelerar os esforços para o isolamento do regime sírio.

Folhapress

A revolta no país

Desde março o governo tenta impedir protestos de oposicionistas do regime. Veja os episódios mais violentos do levante sírio:

15.mar – Marcha pelo "dia da dignidade" reúne dezenas em Damasco. Protestos se espalham pelo país nos dias seguintes.

23.mar – Polícia abre fogo contra manifestantes, deixando 100 mortos.

21.abr – Sob pressão, Assad decreta fim do estado de exceção em vigor desde 1963.

6.mai – Milhares marcham em Damasco, atendendo à convocação pelo "Dia do Desafio".

28.mai – Novos protestos são convocados pela suposta morte de adolescente de 13 anos, torturado e mutilado.

3.jun – Forças de segurança matam 65 manifestantes em Hama e arredores.

6.jun – Tevê estatal diz que 120 policiais foram mortos por "gangues" em Jisr el Shoughour.

1.jul – Forças de segurança matam ao menos 28 manifestantes em Hama.

31.jul – Repressão deixa 113 mortos em Hama.

Fonte: ONGs, testemunhas, agências de notícias

  • Egípcios são expulsos de praça- Tropas egípcias ocuparam ontem a Praça Tahrir, no centro da cidade do Cairo, depois de terem expulsado os manifestantes que acampavam no local. O objetivo do grupo era fazer pressão para acelerar o processo judicial contra os responsáveis pelas mortes ocorridas durante o levante que derrubou o ex-presidente Hosni Mubarak. Os manifestantes denunciaram violência dos policias, mas não houve relato de feridos

A União Europeia (UE) aumentou ontem as sanções contra a Síria ao impor congelamentos de ativos e proibições de viagens a mais cinco militares e funcionários do governo. A decisão eleva pa­­ra 35 o número de pessoas que são alvos das sanções, dentre elas o presidente Bashar Assad. Quatro entidades governamentais também estão na lista.

A Alta Representante para as Relações Exteriores e Política de Segurança da UE, Catherine Ash­­ton, condenou os últimos episódios de repressão do governo sírio contra manifestantes pró-democracia. Ela disse que os ataques realizados pelas forças de segurança mostram que o governo está "relutante em implementar as reformas prometidas em resposta aos pedidos legítimos do povo sírio". A UE já implantou um embargo de vendas de armas e equipamentos que possam ser usados para reprimir as manifestações contra a Síria

O governo da Turquia condenou rispidamente a repressão do regime sírio, logo após o ataque das forças do presidente Bashar Assad contra a cidade de Hama. O presidente da Turquia, Abdullah Gul, afirmou que a violência na Síria é "inaceitável" e que agora as sanções econômicas "estão sobre a mesa" e poderão ser usadas contra Damasco.

Moradores de Hama disseram que os militares voltaram a bombardear a cidade e soldados estavam disparando em área residenciais, logo após o crepúsculo e o fim do jejum do primeiro dia do Ramadã, praticado pelos muçulmanos ontem. Segundo dois mo­­radores de Hama, os soldados atacaram quando moradores rumavam para fazer as preces da noite nas mesquitas locais.

Mais de 1.600 civis foram mortos durante a repressão aos protestos contra o regime de Assad desde o início do levante em meados de março. Mas o governo contesta es­­ses dados e responsabiliza uma conspiração estrangeira pelos protestos.

Grupo de oposicionistas denuncia violência

Uma rede de cerca de 200 militantes do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), liderado por Rami Abdel Rahman, tornou-se uma das principais fontes de informação sobre o que está ocorrendo na Síria, desde o início da mobilização contra o regime, em meados de março.

"Somos todos gente normal, temos uma vida normal, e família. Não temos escritório próprio, trabalhamos em casa ou de nossos empregos", declarou Ab­­del Rahman, de 40 anos, por te­­lefone.

Devido à proibição de acesso de jornalistas estrangeiros na Síria, militantes do Observatório, baseando-se em listas dos hospitais, divulgam informações sobre os mortos na repressão que costumam ser manchetes nos jornais de vários países.

Para evitar que a organização seja desmantelada caso um deles seja preso, os militantes do OSDH não se conhecem entre si.

Eles se comunicam por meio da rede de telefonia por internet Skype, por redes sociais como Facebook e Twitter, e-mail e telefone, utilizando números ocultos.

Polícia italiana encontra 25 corpos em navio líbio

A guarda costeira italiana en­­controu ontem 25 cadáveres na sala de máquinas de um pe­­queno navio que entrou nas águas territoriais da ilha de Lam­­pedusa, proveniente da Lí­­bia, com dezenas de clandestinos a bordo.A polícia disse ter indícios de que as vítimas morreram por asfixia após respirar gases de motor num ambiente confinado. Segundo peritos, elas não conseguiram sair do porão do navio porque a porta estava bloqueada pelo excesso de gente a bordo.

Havia 296 pessoas, incluindo mulheres e crianças, amontoadas numa embarcação de 15 metros que saíra dias antes de um porto líbio ainda não identificado.

Os mortos, a exemplo das demais pessoas a bordo, eram subsaarianos que tentavam alcançar Lampedusa, ilha situada no Mediterrâneo, a 355 km do litoral da Líbia e a 160 do da Tunísia.

Acredita-se que a maior parte dos ilegais moravam na Líbia, onde exerciam trabalhos braçais.

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